Portugal lança projeto de bioplástico de algas para solucionar problema dos plásticos e fertilizar solos

Investigadores portugueses querem transformar as algas que se acumulam ao longo da costa e que têm como destino os aterros num bioplástico degradável com propriedades fertilizantes para aplicar em solos agrícolas. Conheça o AlgaBioTec!

algas
O grande objetivo do projeto AlgaBioTec passa por transformar as algas num plástico biodegradável. A reutilização deste recurso marinho permitirá obter um fertilizante de baixo custo a aplicar em solos agrícolas.

Além da transformação de algas num bioplástico degradável, esta equipa científica portuguesa pretende também dar resposta à acumulação de plásticos não degradáveis e à sua utilização pouco controlada, transformando as algas que se acumulam nas zonas costeiras em "recursos valiosos".

O projeto pretende solucionar a acumulação de algas nas zonas costeiras através da reutilização deste recurso marinho que tem maioritariamente os aterros como destino, explicava na passada segunda-feira (16) à Lusa uma das investigadoras responsáveis pelo AlgaBioTec, projeto-vencedor da quarta edição do BluAct, programa organizado pela Câmara de Matosinhos com o apoio da UPTEC — Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto.

A equipa de investigadores pretende também dar resposta à acumulação de plásticos não degradáveis e ao seu uso “pouco controlado”.

“A nossa ideia é tentar resolver estes dois problemas”, assinalou Raquel Vaz, salientando que o projeto tem como objetivo transformar as algas acumuladas nas zonas costeiras em “recursos sustentáveis e valiosos para a sociedade”, especialmente para o setor da agricultura.

O objetivo é transformar estas “fontes de nutrientes” em fertilizantes de baixo custo

Raquel Vaz, investigadora da Universidade de Coimbra e doutoranda no Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR) explica que os investigadores estão a criar um bioplástico com propriedades fertilizantes para cobrir o solo, que se vai degradando ao longo do tempo.

Este projeto de investigação obteve um prémio no valor de cinco mil euros, e este valor monetário, em conjunto com a participação gratuita na escola de startups da UPTEC e a incubação durante um ano na UPTEC Mar, permitirão aos cientistas portugueses otimizar o protótipo da solução já desenvolvido.

Um dos objetivos do AlgaBioTec é otimizar o tempo de degradação do bioplástico, bem como as características deste recurso marinho, “diminuindo o desperdício e melhorando a eficiência”.
AlgaBioTec
Além de Raquel Vaz, a equipa do projeto AlgaBioTec é composta pelas investigadoras Isabel Cunha e Isabel Oliveira, do CIIMAR, e por um gestor. Imagem: Direitos Reservados.

Raquel Vaz declarou à Lusa que a equipa está em conversações com a autarquia de Matosinhos - entidade responsável pela recolha destes recursos marinhos - e com alguns agricultores para, no futuro, testar a solução desenvolvida em campo.

Referência da notícia

Agência Lusa/Observador. Investigadores querem transformar algas em bioplástico para fertilizar solos agrícolas. 16/12/2024