Porque terá o cão apelidado de salsicha umas pernas tão curtas?

O Teckel, o cão apelidado de salsicha, é resultado de um cruzamento de indivíduos com características específicas para os adaptar a uma determinada função. Fique aqui a saber quais.

Cão-salsicha
Embora a raça seja famosa pela caça aos texugos, os Dachshunds têm sido também utilizados para a caça de coelhos ou raposas, para localizar veados feridos.

O dachshund, "cão-salsicha" com um peculiar aspeto alongado e pernas curtas, cativa milhões de pessoas em todo o mundo. Oriundo da Alemanha, a sua origem é objeto de muita especulação e debate científico. A chave para compreender a origem das pernas curtas do cão-salsicha está no processo de seleção natural.

Ao longo da história, os seres humanos selecionaram e criaram animais com características específicas para que pudessem realizar determinadas tarefas de forma mais eficiente. No caso desta raça, o seu olfato bastante apurado, o corpo alongado e as suas patas curtas eram ideais para uma função muito particular: a caça ao texugo.

A caça às tocas do Teckel

Segundo os cientistas, de acordo com a ABC Ciência, os antepassados do Teckel eram cães de caça maiores, que foram seletivamente criados ao longo dos séculos para produzir indivíduos com corpos mais compactos e ágeis.

Estas características permitiam-lhes entrar nas tocas dos texugos e de outros animais mais pequenos, capturando-os de forma mais fácil.

As suas patas curtas faziam com que estes tivessem uma maior estabilidade, fazendo com que pudessem rodar mais facilmente em espaços confinados, e o seu centro de gravidade mais baixo significava que tinham mais força e podiam escavar mais eficazmente.

Por outro lado, por estarem mais próximos do solo, eram menos suscetíveis a ferimentos se caíssem de alturas consideráveis, e o seu pêlo mais espesso e resistente protegia-os das mordeduras e arranhões dos texugos.

Assim, cães com corpos mais compridos, pernas mais curtas e maior resistência tornaram-se um bem precioso.

A genética das pernas curtas continua a ser estudada

Até ao momento, foram identificadas várias mutações genéticas associadas ao nanismo em diferentes raças de cães, algumas das quais podem ter contribuído para o desenvolvimento das pernas curtas do cão-salsicha.

Cães enérgicos
Os Dachshunds são cães enérgicos e adoram gastar a sua energia à procura de novos alvos para caçar ou de se divertirem com o seu dono.

Para além das mutações, as variações na sequência de ADN podem também ter influenciado o tamanho e a forma dos seus ossos.

Um dos genes mais estudados relacionados com pernas curtas em cães é o FGF4 ou fator de crescimento de fibroblastos 4, que codifica uma proteína que desempenha um papel crucial no desenvolvimento embrionário, regulando o crescimento do osso e de outros tecidos.

Os cientistas descobriram uma duplicação do FGF4 nos dachshunds, ou seja, estes animais têm uma cópia extra, o que resulta numa sobreprodução da proteína.

Esta é uma particularidade que, durante o desenvolvimento embrionário, interfere com o processo normal de crescimento dos ossos das pernas, provocando um encurtamento dos membros.

Os cientistas chegam à conclusão que, quanto maior for o número de genes FGF4, mais curtas são as pernas.