Porque será que alguns sons agudos nos fazem ranger os dentes?
Dos garfos no prato ao giz no quadro, existem sons que nos fazem sentir desconfortaveis ou nos causam arrepios. Mas porque será? Veja aqui a resposta!
Provavelmente, todos nós já ouvimos sons agudos como quando utilizamos giz num quadro negro ou de um garfo na superfície de um prato.
Faz-nos sentir desconfortáveis, dá-nos arrepios, aumenta a tensão muscular e muitas vezes ainda faz-nos abrir a boca e cerrar os dentes.
Pois bem, segundo os cientistas esta é uma reação orquestrada pela amígdala no cérebro.
Sabemos que os nossos ouvidos são capazes de ouvir sons numa gama de frequências entre 20 e 20.000 Hz, mas já foi possível determinar a gama de frequências em que o desconforto se instala.
Sabemos quais as frequências que nos incomodam
A resposta surgiu em 2006, segundi a ABC Ciência, quando o Prémio Ig Nobel foi atribuído a um estudo que concluiu que são as frequências médias, entre 2.000 e 5.000 Hz, que mais nos incomodam, às quais somos mais sensíveis.
De alguma forma, o nosso cérebro processa os sons e gera, através do sistema nervoso autónomo ou vegetativo, que controla as reações involuntárias, uma resposta reflexa.
Segundo o neurologista Vanderlei Cerqueira de Lima, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no Brasil, no caminho que percorre até o cérebro, o estímulo sonoro ativa estruturas responsáveis pela memória e pelas reações físicas e psicológicas.
Uma dessas estruturas é a chamada amígdala central, uma das mais antigas estruturas cerebrais dos seres humanos e dos animais, que envia mensagens ao hipotálamo, ao tronco cerebral e ao córtex. Esta é uma zona do tamanho de uma lentilha na qual se inscrevem os sinais emocionais e que atua como sentinela da nossa sobrevivência.
Quanto mais alta a frequência da onda sonora, mais intensa é a reação
O tronco cerebral dispara reações comportamentais, como medo ou repulsa. O córtex, por sua vez, é responsável pelas reações emocionais relacionadas com experiências passadas ou presentes.Tudo isso contribui para que sons de frequências mais altas, os mais agudos, provoquem essas reações, mas a memória das experiências no córtex é que explica por que algumas pessoas ficam arrepiadas e e outras não.
Os cientistas realizaram exames de ressonância magnética funcional em 13 voluntários que foram sujeitos a diferentes sons, tanto agradáveis como desagradáveis.
Quando os sons variavam entre 2.000 e 5.000 hertz, eram descritos como desagradáveis e a amígdala era ativada. A partir daí, foram acionados sinais de alerta para o córtex cerebral.