Porque é que Plutão, o planeta anão do sistema solar, já não é considerado um planeta?
Durante menos de 100 anos, o pequeno Plutão foi considerado o nono planeta do sistema solar, até 2006, altura em que foi desclassificado como planeta anão. Vamos reconstituir juntos a história deste planeta.
Anos antes da descoberta de Plutão, já se colocava a hipótese da sua existência devido a algumas anomalias nos movimentos de Úrano e Neptuno. De facto, estes dois planetas moviam-se no espaço como se outro objeto perturbasse a sua trajetória devido à atração gravitacional.
Por isso, munidos de grande paciência, numerosos astrónomos observaram durante anos o céu em busca do chamado "planeta X". O que eles não sabiam é que, na realidade, o comportamento anómalo do movimento de Úrano e Neptuno não resultava da presença de um terceiro planeta com o qual interagiam gravitacionalmente, mas de uma estimativa incorrecta da massa de Neptuno.
A descoberta do nono planeta do sistema solar
Assim, apesar de suposições completamente erradas, em 18 de fevereiro de 1930 o astrónomo Clyde Tombaugh descobriu o tão esperado nono planeta.
Em poucos anos, porém, percebeu-se que este novo planeta era demasiado pequeno para influenciar o movimento de Úrano, pelo que não era responsável pelas estranhezas orbitais, mas mesmo assim descobriu-se que havia de facto corpos celestes a moverem-se em torno da nossa estrela, mas com órbitas externas à de Neptuno.
Ao longo do tempo, os investigadores aperfeiçoaram os seus conhecimentos sobre este planeta e aperceberam-se de algumas diferenças importantes entre ele e os outros oito planetas do nosso sistema planetário.
Em primeiro lugar, como já foi referido, Plutão é muito pequeno, com um diâmetro de apenas 2.376 km, cerca de metade do de Mercúrio, outro planeta muito pequeno, e a sua superfície está coberta de gelo. Para além disso, a sua órbita também era estranha, muito inclinada e muito achatada. Estas particularidades faziam com que Plutão e o seu movimento se parecessem mais com o de um cometa do que com o de um planeta.
No entanto, Plutão não podia ser relegado para o papel de um simples cometa, porque continuava a ter algumas semelhanças importantes com os outros planetas, como a sua forma esferoidal e o facto de ter satélites.
Diferenças e semelhanças com outros planetas, é preciso clareza
Daí a necessidade de definir quais as características que fazem de um corpo celeste um planeta. Assim, em 2006, a União Astronómica estabeleceu três critérios para decidir se um objeto era ou não um planeta: tinha de orbitar em torno do Sol, tinha de ter força gravitacional suficiente para ter uma forma esférica e, finalmente, tinha de ter massa suficiente para limpar a sua órbita de detritos.
Desde 2006, portanto, o número de planetas do sistema solar voltou a ser 8, enquanto o número de planetas anões é atualmente 5: Ceres, Plutão, Haumea, Makemake e Eris. Outros corpos celestes estão à espera de serem incluídos numa classificação precisa.