Porque é que os vulcões de lama permanecem tanto tempo em erupção?
O termo “vulcão” é comummente conhecido pelos vulcões ígneos, na qual a rocha derretida vem à superfície. É importante realçar que os gases que também entram neste processo de erupção tem elevado poder inflamatório. Porque é que, de repente, a Terra começaria a soltar enormes quantidades de lama neste processo?
A estrutura Lusi, junção dos termos: Lumpur Sidoarjo, que significa “lama Sidoarjo”, é um exemplo de característica geológica conhecida como vulcão de lama. Estes vulcões são formados pela combinação de fluidos, gases e lama, que entram em erupção na superfície da Terra.
Neste tipo de vulcão, a lama costuma borbulhar até a superfície da Terra de maneira silenciosa, apesar da erupção ser considerada violenta. Além disso, a maior parte do gás que sai dos vulcões de lama é o metano, altamente inflamável, podendo criar enormes erupções de fogo.
Eles são formados quando gases e fluidos, que se acumulam sob pressão dentro do planeta, encontram uma maneira para chegar até a superfície através das fraturas. Os fluidos sobem pelas rachas, carregando lama consigo, e, à medida que escapam, vão criando o vulcão de lama.
Além de fascinantes, os vulcões de lama são úteis para os cientistas que encontram nestas condições uma janela para observar o interior do planeta Terra. Este tipo de vulcão pode envolver materiais de até 10 quilómetros abaixo da superfície, podendo fornecer informações relevantes sobre os processos acerca da Terra profunda, que não podem ser obtidos de nenhuma outra forma.
Na realidade, qualquer fluido sob pressão pode subir e explodir na superfície, levando a uma espetacular explosão. Exemplos famosos de explosões incluem o esguicho de Spindletop em 1901 no Texas e o desastre da Deepwater Horizon em 2010 no Golfo do México. Em ambos os casos o que explodiu foi óleo e não lama.
Primeiro episódio registado de vulcões de lama
Os vulcões de lama são mais conhecidos no Azerbaijão, Indonésia, Itália e Japão. Em maio de 2006, agricultores de arroz que viviam na Indonésia, especificamente em Sidoarjo Regency, presenciaram o solo a expelir vapor após ser rompido durante a noite. Nos dias seguintes a mistura já apresentava água, gás natural e lama a ferver, que começou a espalhar-se pelos campos de arroz.
A esperança dos habitantes era que a erupção cessasse, contudo isso não aconteceu. Com o tempo, a lama começou a espalhar-se até cobrir aldeias inteiras. Com esta situação alarmante a avançar cada vez mais, o governo Indonésio construiu diques na esperança de conter a lama e impedir que se espalhasse mais.
A situação era tão crítica que a lama cobriu os diques. Então, o governo decidiu construir novos diques atrás do primeiro conjunto que foi coberto. Até que, finalmente, conseguiram impedir o avanço da lama. Mas, com essas alturas, os fluxos destruíram mais de dez aldeias e obrigaram 60 mil pessoas a mudarem para outros lugares.
Hoje em dia, quase 17 anos após o início desta erupção, a estrutura Lusi continua a entrar em erupção, mesmo que num ritmo mais lento. A lama cobre uma área total de 7 quilómetros quadrados que está contida atrás de diques de mais de 30 metros de altura.
Existe algum culpado por este tipo de desastre?
Na estrutura Lusi da Indonésia, a rutura inicial aconteceu a cerca de 200 metros de um poço de exploração de gás, levando a acusações de que a culpa foi da empresa petrolífera responsável pelo poço. No entanto, o operador da época, Lapindo Brantas, afirmou que a erupção ocorreu de maneira natural, provavelmente em função de um terramoto que havia ocorrido dias antes.
Os que acreditavam que o poço de gás foi o causador da erupção argumentaram que tal poço havia sofrido uma explosão devido ao peso insuficiente da lama, mas que a explosão em si não veio do poço até a superfície. Além disso, eles sugerem que o terramoto estava muito longe do poço para ter qualquer efeito sobre esta situação.
Em contrapartida, os defensores do gatilho proveniente do terramoto acreditam que a erupção foi causada por um sistema hidrotermal ativo no subsolo, semelhante ao que ocorreu no Parque Nacional de Yellowstone. Além disso, eles sugerem que um teste de pressão conduzido após o início da erupção indicou que o poço estava intacto, ou seja, não rompido por fraturas e fuga de fluido.
Três anos depois do incidente, em 2009, o supremo tribunal local indeferiu um processo que acusava a empresa petrolífera de negligência. Nesse mesmo ano a polícia encerrou as investigações criminais contra o operador e os seus funcionários, alegando falta de provas. Mesmo que estes processos tenham sido “resolvidos”, este tipo de debate continua até hoje, com grupos de investigação internacionais alinhados em ambos os lados da disputa.