Porque é que os homens morrem mais de cancro? Esta é a causa que poucas pessoas conhecem!
Até agora, pensava-se que isto se devia a uma mistura de fatores, como o facto de as mulheres tenderem a ter estilos de vida mais saudáveis, mas agora também se estuda a incidência da perda do cromossoma Y.
Nas últimas décadas, o número de cancros diagnosticados, em Espanha, tem vindo a aumentar. De acordo com o relatório anual publicado pela Redecan, tal pode dever-se ao envelhecimento da população, mas também à exposição a fatores de risco e até à deteção precoce.
O facto de se poder diagnosticar mais cedo aumenta o número de casos, mas pode fazer uma grande diferença no tratamento. Em 2023, prevê-se que o número de casos diagnosticados atinja os 279 260, o que representa uma estabilização em relação ao ano anterior.
Os estudos mostram que os homens têm um risco de cancro mais elevado do que as mulheres, 41% contra quase 28%, de acordo com a Sociedade Espanhola de Oncologia Médica (SEOM) em 2022, e que também morrem mais da doença.
Até agora, pensava-se que esta situação se devia ao facto de, em geral, as mulheres terem melhores hábitos de vida, com uma menor taxa de consumo de substâncias como o tabaco e o álcool, mas parece que podem haver mais causas.
A importância do cromossoma Y
O cromossoma Y desempenha um papel fundamental na determinação do sexo, contendo o gene que inicia o desenvolvimento dos órgãos sexuais masculinos, mas não é geralmente essencial para a sobrevivência das células.
À medida que envelhecem, muitas pessoas portadoras deste cromossoma perdem-no progressivamente em algumas das suas células, o que tem sido associado a uma menor esperança de vida.
Um estudo recente, realizado por investigadores do Cedars-Sinai Cancer Center, publicado na revista Nature, demonstrou que a perda do cromossoma Y pode tornar mais agressivos alguns tumores da bexiga e colorretais. Este estudo estabelece, pela primeira vez, a ligação entre a perda de cromossomas e a resposta imunitária.
Os investigadores descobriram que, quando as células perdem o cromossoma Y, esgotam os linfócitos, ou células T, que são responsáveis pela luta contra o tumor. Este facto, explicou Dan Theodorescu, diretor do Cedars-Sinai Cancer, faz com que o tumor cresça "agressivamente".
A equipa também descobriu que, embora a perda do cromossoma Y torne os tumores mais agressivos, estes também respondem melhor aos inibidores do ponto de controlo imunitário, um tipo específico de imunoterapia que é habitualmente utilizado para este tipo de tumor; torna as células T capazes de destruir as células tumorais.
De acordo com os investigadores, este estudo e os seus resultados podem ajudar a planear os tratamentos mais eficazes no futuro. A análise genética pode detetar a perda deste cromossoma e, assim, personalizar o tratamento de doentes do sexo masculino com cancro da bexiga.
Riscos da perda do cromossoma Y
A perda do cromossoma Y nos homens pode não só ser responsável pelo aumento da agressividade do cancro da bexiga, como também está associada ao risco de doenças cardiovasculares.
Investigadores da Universidade da Virgínia e da Universidade de Uppsala estudaram os danos diretos que a perda de cromossomas pode causar no organismo.
Concluíram que o aumento da perda cromossómica aumenta o risco de morrer de insuficiência cardíaca ou de outras doenças cardiovasculares, uma vez que promove a deterioração da função cardíaca e o desenvolvimento de fibrose, que, com o tempo, pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Este facto, juntamente com outros fatores sociais, ambientais e biológicos, pode explicar por que razão as mulheres têm uma esperança de vida mais longa do que os homens.