Poderão as baratas sobreviver sem cabeça?

As baratas são seres incríveis, principalmente quando falamos do seu instinto de sobrevivência: a comunidade científica sabe que conseguiram sobreviver ao meteorito que causou a extinção dos dinossauros, mas uma das dúvidas recorrentes é se as baratas podem viver vários dias sem a cabeça. Será falso ou verdadeiro?

Barata
As baratas surgiram há aproximadamente 400 milhões de anos e pouco modificaram sua morfologia.


As baratas existem desde antes dos dinossauros. De facto, os fósseis desses insetos mostram que eles estão na Terra há pelo menos 300 milhões de anos.

Elas estão entre as criaturas mais resistentes do mundo, capazes de suportar altos níveis de radiação e podem durar até um mês sem comida.

Elas são capazes de se desenvolver em locais insalubres e com condições difíceis. Com exceção da Antártida, elas são encontradas em todos os continentes e em todos os ambientes: das florestas tropicais aos desertos, existindo também exemplares resistentes a climas extremos.

Um exemplo disso é a Eupolyphaga everestiana que vive no Monte Everest e em outros lugares a mais de 5 mil metros. Há também baratas de todos os tamanhos, como a Megaloblatta blaberoides, que pode medir até 18 centímetros de comprimento.

As baratas podem viver vários dias sem cabeça

Ao cortar a cabeça, uma barata não sangra até à morte, uma vez que possui um sistema circulatório aberto com pressão arterial muito baixa. Além disso, a ferida é entupida muito rapidamente devido à coagulação do líquido no ambiente interno.

Ao contrário das baratas, a decapitação é quase imediatamente fatal para os humanos, porque temos um sistema circulatório de alta pressão do qual dependemos para manter os tecidos oxigenados.

No entanto, para surpresa e horror de muitos, deve-se dizer que mesmo a cabeça de uma barata decapitada permanece viva por algumas horas.

Elas também são favorecidas, porque respiram através de um sistema de traqueias (espiráculos) distribuídos por todo o corpo, de modo a que não dependam do nariz para respirar.

Além disso, o cérebro da barata não controla essa respiração e o sangue não transporta oxigénio por todo o corpo. Em vez disso, os espiráculos conduzem o ar diretamente para os tecidos através de um conjunto de tubos chamados traqueias.

Quando são decapitadas não têm boca nem a parte anterior do tubo digestivo. Por esta razão não podem ser alimentadas, mas podem passar várias semanas sem comer devido ao seu metabolismo.

Um inseto pode sobreviver por semanas com um dia de comida, de acordo com o fisiologista e bioquímico Joseph Kunkel, da Universidade de Massachusetts Amherst.

As baratas são poiquilotérmicas, ou seja, uma espécie de sangue frio, o que significa que precisam de muito menos comida do que os humanos.

A sua função na Natureza

Nas florestas tropicais, as baratas alimentam-se de madeira e folhas em decomposição, e o excremento que elas deixam para trás está cheio de detritos orgânicos e nutrientes, incluindo nitrogénio, que são devolvidos ao solo.

O nitrogénio é essencial para o crescimento das árvores, que são essenciais para as florestas, que por sua vez são essenciais para as nossas vidas.

Pequenos mamíferos, aves e répteis alimentam-se de baratas e animais maiores alimentam-se de pequenos mamíferos e répteis, então a dizimação de baratas alteraria a cadeia alimentar, uma alteração que poderia ter consequências em múltiplos aspetos do nosso mundo.