Podem as gomas ser feitas a partir de turbinas eólicas? Parece que sim!

Cientistas afirmam que as resinas das turbinas eólicas podem ser recicladas e reutilizadas de diversas formas. Uma das quais prende-se com a utilização para a produção de gomas. É um conceito, no mínimo, estranho, mas que pode estar a chegar às nossas cadeias de supermercados.

gomas
Cientistas descobrem fórmula que possibilita transformar a resina das turbinas eólicas em matéria comestível, como as gomas.

Uma investigação apresentada no Encontro Internacional da Sociedade Americana de Química (na sigla em inglês, ACS), em Chicago, demonstra um novo sistema de resina que pode ser dissolvido e reutilizado, sem perder as suas propriedades iniciais.

Embora a energia eólica seja limpa e renovável, o facto de as turbinas (cuja construção ocorre a partir das fibras do vidro) não serem recicláveis acarreta um problema quando chegam ao fim do ciclo de vida. Geralmente, as pás das turbinas gigantes acabam por terminar em aterros sanitários.

Tal como refere Dorgan numa nota de imprensa ao EurekAlerta, “muitas vezes, os parques eólicos substituem as pás das turbinas antes do fim da vida útil, porque os parques podem gerar mais eletricidade com pás maiores”.

De forma a resolver o problema, tem-se procurado criar pás que possam contribuir para a economia circular, dando uma nova vida a um determinado produto. Neste sentido, os cientistas da Universidade do Estado do Michigan deram já um pequeno contributo.

A resina reciclável pode ser usada para fazer pás de turbinas ou gomas

O conceito parece, na prática, muito estranho, mas pode estar bem perto de se tornar numa realidade nas prateleiras do supermercado, sob a forma de gomas. O que é certo é que esta resina pode ser reciclada e reutilizada de muitas outras formas, nomeadamente em janelas ou fraldas.

A resina termoplástica, feita a partir de fibra de vidro e de polímeros derivados de plantas e outros sintéticos, é muito forte e durável, tal como os materiais usados nas turbinas atuais. Acresce, ainda assim, que as pás, ao chegarem ao final do ciclo de vida, podem ser aproveitadas para a dissolução da resina e retirar-se a fibra de vidro. O material pode ser utilizado em novas turbinas, pois, segundo os investigadores de Michigan, as propriedades físicas mantêm-se talqualmente as turbinas feitas a partir de novos materiais.

Esta nova resina pode, então, ser transformada em várias coisas depois de derretida. A sua reutilização pode ocorrer em alguns produtos consumíveis, tais como gomas, o que torna este facto ainda mais curioso. E mais interessante é que estas gomas não diferem daquelas que nós estamos habituados a consumir, segundo os investigadores.

“Um átomo de carbono derivado de uma planta, como milho, não é diferente de um átomo de carbono de combustível fóssil. Tudo faz parte do ciclo global do carbono e mostramos que podemos passar da biomassa no campo para materiais plásticos duráveis e de volta aos alimentos”, refere Dorgan.

O que é, então, esta resina termoplástica e como pode ser feita?

Ao diluir-se a resina termoplástica numa solução alcalina há a libertação de um material acrílico, o que pode facilitar a produção de janelas. Aumenta também a temperatura durante o processo, o que possibilita a criação de um material usado em fraldas. Além disso, a solução alcalina liberta também lactato de potássio, podendo ser transformado em doces ou bebidas energéticas após a sua purificação.

Depois de se ter validado o material quanto às propriedades necessárias para a sua reutilização, agora o próximo passo será entender na prática de que forma as turbinas podem ser (re)construídas a partir desta nova resina.