Planta pioneira adapta-se à radiação e pode colonizar Marte, segundo um estudo recente
Num estudo recente, os investigadores divulgaram uma espécie de musgo do deserto que é o pioneiro promissor para colonizar ambientes extraterrestres, como Marte. Saiba mais aqui!
Dentro da exploração espacial, um assunto que é muito estudado e onde vários projetos são desenvolvidos, é a colonização de Marte. Esta colonização refere-se à proposta de instalação de assentamentos humanos permanentes no Planeta Vermelho.
Estes projetos focam na adaptação dos seres humanos naquele local de condições extremas. No entanto, tais assentamentos também exigirão plantas que possam crescer em solos e condições adversas como as encontradas em Marte.
Desta forma, os investigadores chineses descobriram uma planta pioneira que pode ser a chave para colonizar Marte. O estudo foi divulgado recentemente num artigo na revista The Innovation.
A planta que pode colonizar Marte
A tal planta é um musgo do deserto, o Syntrichia caninervis (S. caninervis), que mostrou uma extraordinária resiliência para prosperar em vários ambientes extremos, podendo suportar as condições de Marte.
Condições essas que incluem não apenas o calor e secas, mas também os níveis altíssimos de radiação e o frio extremo; a planta mostrou que consegue suportar temperaturas muito baixas de até -196 °C!
A planta também mostrou uma super resistência à radiação gama. Inclusive, com a radiação, sob doses de 500 Gy (Gray), o musgo apresentou uma melhor taxa de crescimento. Segundo o estudo, o S. caninervis é um dos organismos com maior tolerância à radiação.
Os investigadores observaram que o S. caninervis tem notável tolerância à dessecação. Mesmo depois de perder mais de 98% de seu teor de água das células, pode recuperar atividades fotossintéticas e fisiológicas em segundos após a reidratação.
Surpreendentemente, o musgo conseguiu regenerar-se 100% em 30 dias após ficar exposto às condições simuladas de Marte em períodos de entre 1 dia e uma semana. Os que ficaram apenas 1 dia no simulador também sobreviveram, mas apresentaram uma regeneração mais lenta.
Como foram feitas as experiências
Os cientistas escolheram estudar esta planta por causa da sua grande distribuição global e pela sua capacidade de sobreviver tanto em ambientes extremamente desérticos, como o deserto de Mojave, nos Estados Unidos, como em regiões frias, como o Alasca, a Sibéria e a Escandinávia.
Colocaram várias amostras dos musgos num ambiente que simula as condições de Marte. E para testar a sua tolerância ao frio, armazenaram as amostras em congeladores muito frios, com temperatura de -80°C, durante três e cinco anos. Outras amostras foram para um tanque de nitrogénio, com temperatura de -196 °C, durante 15 e 30 dias.
Em todos os testes, os musgos conseguiram regenerar-se após descongelarem, embora a recuperação fosse mais lenta se comparada às amostras que se desidrataram mas não congelaram.
Segundo o estudo, o musgo S. caninervis pode estabelecer a base para construir ambientes além da Terra sendo biologicamente sustentáveis para habitats humanos. E embora ainda haja um longo caminho pela frente para a colonização de outros planetas, a expectativa é que as missões espaciais levem esta planta para testes em Marte ou na Lua.
Referência da notícia:
Li, X., Bai W., Yang Q. et al. The extremotolerant desert moss Syntrichia caninervis is a promising pioneer plant for colonizing extraterrestrial environments. The Innovation (2024).