Peixe construído com plástico e células do coração nada por três meses
Um mundo de robôs biológicos está apenas a um batimento cardíaco de distância. Músculos artificiais baseados em células cardíacas humanas foram usados para alimentar um peixe nadador por mais de três meses. Saiba mais aqui!
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Os investigadores da Universidade de Harvard, em Cambridge (Estados Unidos), em colaboração com os cientistas da Universidade de Emory, em Atlanta (Estados Unidos), desenvolveram o primeiro peixe bio-híbrido, totalmente autónomo, a partir de células musculares cardíacas derivadas de células-tronco humanas.
O peixe artificial nada de forma a recriar as contrações musculares de um coração a bombear sangue. O projeto aproxima a ciência do desenvolvimento de uma bomba muscular artificial mais complexa, além de fornecer uma plataforma para estudar doenças cardíacas como a arritmia.
Este peixe híbrido é feito de papel e plástico revestido de gelatina, e é alimentado por nutrientes na lagoa onde se encontra. O bio-peixe manteve o movimento por 108 dias, isto é, 38 milhões de batidas da cauda.
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Segundo Kit Parker, do Wyss Institute Harvard, em vez de se utilizar imagens do coração como um modelo, estão a identificar os principais princípios biofísicos que fazem o coração funcionar. A ideia passa por fazer engenharia reversa da capacidade do coração humano de bater mais de um bilião de vezes durante a sua vida, enquanto reconstrói as células em tempo real. "O nosso objetivo final é construir um coração artificial para substituir um coração malformado", acrescenta ainda Kit Parker.
O facto mais interessante sobre estes peixes, que os investigadores não esperavam, é o tempo e a velocidade a que nadam. À medida que os músculos amadureceram ao longo do primeiro mês, eles tornaram-se “mais aptos”, melhorando assim o desempenho de natação do bio-robô. Os investigadores afirmam que eventualmente atingiu velocidades semelhantes a de um peixe-zebra.
O bio-robô regenerou os músculos cardíacos cerca de cinco vezes em 108 dias
A parte central da experiência foi um aglomerado de células que sincronizavam a contração alternada das células musculares, fazendo com que a cauda produzisse um movimento de natação sustentado. Estas células estão por detrás de doenças cardíacas humanas, como a arritmia.
As primeiras experiências estimularam artificialmente as células cardíacas. Depois, os peixes foram colocados numa incubadora e esquecidos durante várias semanas. Quando a equipa voltou, todos os peixes estavam a nadar sozinhos.
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Contudo, a robótica bio-híbrida não é o objetivo principal da investigação. Em vez disso, a equipa de investigação espera, eventualmente, encontrar formas de produzir corações bioartificiais para humanos.
Os investigadores de Harvard dizem que o próximo desafio será descobrir como manter vivos os músculos maiores e, portanto, corações artificiais mais poderosos (e bio-robôs). Isso pode envolver engenharia reversa de sistemas vasculares e de vasos sanguíneos de mamíferos e sistemas digestivos.
O grupo de biofísica de Harvard, em 2012, usou células cardíacas de ratos para construir uma bomba biorobótica.