Os cientistas afirmam que as gaivotas são "inteligentes" e não "criminosas"

As gaivotas estão a ser forçadas a entrar nas nossas cidades devido à perda de espaços naturais - e nós precisamos de aprender a viver com elas, afirmam os cientistas. Saiba mais aqui!

gaivotas
Atingidas por múltiplas pressões, desde a gripe aviária à diminuição das reservas de peixe, as populações de gaivotas estão a diminuir na natureza.

Tendo em conta a constante perda de habitat na natureza, as gaivotas, para sobreviverem, são obrigadas a deslocar-se para as zonas urbanas, onde começam a entrar em conflito com os humanos por roubarem comida. No entanto, em vez de as vermos como pragas, os especialistas defendem que devemos respeitar estas aves inteligentes.

Paul Graham, da Universidade de Sussex, "quando vemos comportamentos que consideramos travessos ou (quase) criminosos, estamos a ver uma ave muito esperta a implementar um comportamento muito inteligente".

Excluídas dos seus habitats naturais pelas atividades humanas, as espécies capazes de se adaptarem à vida urbana, como a gaivota de arenque, não têm outra alternativa senão deslocarem-se para as zonas urbanas para apanharem os nossos resíduos, afirmou Graham. E o que, para nós, é considerado um comportamento incómodo é um sinal da sua inteligência e capacidade de aprendizagem social.

Graham afirma ainda que durante a sua vida, as gaivotas aprendem quais os objetos deitados fora que podem servir de alimento e que, provavelmente, aprenderam isso observando as aves mais velhas. Com o passar do tempo, estas aves constroem um repertório de comportamentos bastante hábeis que lhes permite libertar comida quer dos caixotes do lixo quer diretamente dos humanos.

De que forma podemos contornar este problema?

Há soluções simples para o problema, acrescentou o Prof. Graham, tais como a disponibilização de contentores maiores e mais seguros em espaços públicos e a educação das pessoas para não deixarem restos de comida à vista.

Este aviso surge num contexto de crescente preocupação com a conservação das gaivotas. As seis principais espécies de gaivotas do Reino Unido - a gaivota-de-cabeça-preta, a gaivota-comum, a gaivota-mediterrânica, a gaivota-de-dorso-preto-pequeno, a gaivota-dos-prados e a gaivota-de-dorso-preto-grande - estão todas em declínio e constam na lista de espécies ameaçadas ou, no caso da gaivota-dos-prados, na lista vermelha.

Um levantamento mais aprofundado sobre o número de gaivotas

Em janeiro, realizou-se o primeiro estudo nacional sobre gaivotas de inverno em 20 anos, para analisar o número e a distribuição das populações que passam o inverno no Reino Unido.

"Penso que as pessoas não se apercebem de que o número de gaivotas, especialmente as reprodutoras, tem vindo a diminuir. (...) Elas estão nas nossas cidades, parques e áreas urbanas e tornámo-nos bastante familiarizados com elas."

Dawn Balmer, do British Trust for Ornithology.

Durante o inverno, as gaivotas empoleiram-se em grande número durante a noite, o que facilita a contagem das aves que regressam aos lagos e reservatórios e fornece informações valiosas sobre os padrões de declínio.

"As gaivotas são criaturas muito carismáticas e têm má fama devido ao seu comportamento por vezes agressivo na época de reprodução", afirmou Emma Caulfield, responsável pelo Winter Gull Survey (WinGS). Contudo, como frisa Caulfield, elas fazem parte do nosso mundo natural e estão apenas a tirar partido da mão que lhes foi dada e continua a ser, sempre que deixamos restos de comida à vista.

gaivota; alimento
As gaivotas de arenque estão a vir para as cidades para se alimentarem dos restos de peixe, à medida que o número de peixes nos nossos mares diminui.

No final deste ano, serão recolhidos mais dados sobre as gaivotas de inverno. Os dados recolhidos serão utilizados para desenvolver melhores estratégias de conservação das gaivotas.

Embora as populações de nidificação natural estejam em declínio, há quem acredite que o número de aves que nidificam em edifícios tenha aumentado, mas os dados são limitados, segundo a Natural England.