Os alienígenas estão a espiar-nos? A hipótese do zoológico, a resposta mais provável ao "Paradoxo de Fermi"

Em 1950, o físico italiano Enrico Fermi – o homem que construiu o primeiro reator nuclear do mundo – estava a visitar colegas e amigos no Laboratório Nacional de Los Alamos, onde tinha trabalhado como diretor associado no Projeto Manhattan. Menos de três anos tinham passado desde o incidente do OVNI em Roswell, e o assunto era omnipresente. Na hora do almoço o assunto foi tocado e Fermi, depois de ficar um pouco em silêncio, exclamou: "Onde estão todos?"

A questão é que, se nos basearmos no facto de que a idade do Universo é de cerca de 13,8 mil milhões de anos, e que o sistema solar só existiu durante quase um terço desse período, cerca de 4,5 mil milhões de anos, e considerando que a presença de ingredientes necessários para que a existência de vida seja mais abundante no universo do que se pensava anteriormente, Fermi perguntou-se se a vida surgiu aqui, é provável que também tenha acontecido noutros lugares. Então, por que ainda não encontramos nenhuma evidência de inteligência extraterrestre?

Esta proposição é hoje conhecida como o “Paradoxo de Fermi”, uma contradição entre uma expectativa amplamente aceite de que a vida tecnologicamente avançada deveria ser comum no universo, e a ausência de qualquer evidência disso. E ainda hoje não encontramos uma resposta satisfatória para este dilema.

ET telefone para casa

A humanidade, de uma forma ou de outra, tem procurado vida extraterrestre, algum tipo de evidência de que não somos o único lugar com vida na vastidão do universo.

Se neles se desenvolveu vida, terão passado por períodos de estabilidade que permitiram o desenvolvimento de vida inteligente. E se apenas algumas dessas civilizações conseguiram sobreviver ao longo do tempo, é provável que os seus avanços tecnológicos lhes tenham permitido desenvolver formas de viajar no espaço. E embora estejam a uma grande distância da Terra, tiveram tempo suficiente para chegar ao nosso planeta.

A questão de Fermi levantou muitas resoluções possíveis, mas as limitações da própria evolução humana - já que estivemos no universo apenas 0,01% da sua existência total -, o nosso conhecimento limitado dele e das ciências, são elementos que não nos permitiram para encontrar uma resposta definitiva.

O problema ou "Paradoxo de Fermi" vai além de perguntar se os alienígenas já nos visitaram ou não; a questão é se um dia podemos vir a ter contacto com uma civilização extraterrestre... se ela existir.

De raridades e zoológicos

Se revirmos as tentativas de soluções para o "Paradoxo de Fermi", encontraremos as seguintes entre as mais comuns:

• A vida inteligente é mais rara do que pensa.
• As suposições sobre o desenvolvimento ou comportamento de espécies inteligentes são falhas.
• A compreensão científica atual da natureza do universo está incompleta.
• A vida inteligente tem uma tendência natural para se destruir.
• Se os planetas que têm vida fora do nosso sistema solar são comuns, uma civilização extraterrestre limitar-se-ia a procurar contacto apenas com planetas onde tenha confirmada a existência de vida inteligente... por isso é apenas uma questão de continuar a esperar por dezenas, milhares ou milhões de anos.
• É razoável acreditar que uma forma de vida suficientemente inteligente para viajar até ao nosso planeta possa permanecer aqui sem ser detetada.

Na série Star Trek, os Vulcanianos, espécie humanoide originária do planeta Vulcano, localizado a 15 anos-luz do planeta Terra e conhecido pelo seu estilo de vida baseado na razão e na lógica, alcançaram um importante grau de conhecimento tecnológico que lhes permitiu viajar pelo espaço em alta velocidade. Embora numa dessas viagens ao sistema solar tenham descoberto vida inteligente na Terra (em 1953), eles não fizeram contacto com os terráqueos até ao ano de 2063, quando uma nave vulcana detetou um sinal de dobra vindo da Terra, uma indicação de que as tecnologias avançadas tornou a civilização terrestre madura o suficiente para contactá-la.

A Federação Unida dos Planetas (estado interplanetário fictício em Star Trek) baseou-se neste princípio para emitir a "Primeira Diretriz", um princípio orientador da Frota Estelar que proíbe os seus membros de interferir no desenvolvimento interno e natural de civilizações extraterrestres.

Em resposta ao paradoxo de Fermi, John Ball, radioastrónomo do MIT, publicou a “Hipótese do Zoológico” em 1973, um trabalho no qual afirmava que “o aparente fracasso daquela vida (extraterrestre) em interagir conosco pode ser entendido em termos da hipótese de que fomos separados como parte de uma área selvagem ou de um zoológico”.

Brincando às escondidas

É realmente improvável que descubramos se vivemos nalgum tipo de simulação. No entanto, se a hipótese do zoológico estiver correta, poderemos eventualmente saber. O que não sabemos é o limite determinado pelos extraterrestres ao aplicar a sua “Primeira Diretriz ”. A nossa tecnologia está a tornar-se cada vez mais sofisticada e, embora ainda não conheçamos todos os mistérios do universo, seria cada vez mais difícil que eles se escondessem de nós.

A onda de avistamentos recentes de OVNI (Objetos Voadores Não Identificados) em diferentes partes do planeta gerou medos na população, ao mesmo tempo que desencadeou uma série de teorias da conspiração, alimentadas também pela inação ou falta de informação do governo. E se algum destes avistamentos puder ser atribuído à inteligência extraterrestre, isso significa que eles não estão a intervir nos nossos assuntos, ou pelo menos não de uma forma sensata.

É muito provável que não vejamos nenhum alienígena porque eles estão a esconder-se de nós intencionalmente. E de momento eles estão muito bem.

Referência da notícia

What is the zoo hypothesis for alien life? 18 de diciembre de 2024. Paul M. Sutter, Universe Today