Ondas de calor marinhas no Mediterrâneo: impactos e estudos
De forma a conseguir uma melhor investigação acerca das ondas de calor marinhas, um novo estudo afirma a necessidade de uma abordagem diferente nas áreas de estudo. Saiba mais aqui!
As ondas de calor marinhas, consideradas como anomalias persistentes e espacialmente extensas da temperatura da superfície do mar, surgiram como um dos eventos de alto impacto global induzido pelas mudanças nos oceanos.
O estudo deste tipo de onda de calor tem tido progressos significativos nos últimos anos, embora muitas incógnitas permaneçam. Uma das debilidades mais notáveis está relacionada com a ausência de uma definição universalmente estabelecida que permita uma melhor comparação dos resultados.
O objetivo de um novo estudo, publicado no ScienceDirect, foi contribuir para este debate, considerando a extensão espacial para definir o conceito de ondas de calor marinhas.
O estudo
Ao aplicar esta hipótese a uma bacia relativamente pequena, mas complexa, como o Mediterrâneo, as ondas de calor marinhas foram caracterizadas e as tendências a longo prazo avaliadas através da análise de dados de satélite da temperatura da superfície do mar.
Os resultados deste estudo mostram que a inclusão de um limiar mínimo de área, 5% da bacia da área, reduz consideravelmente a quantidade de eventos de ondas de calor ao não considerar anomalias locais da temperatura da superfície de mar.
Verificou-se, também, uma tendência para ondas de calor marinhas mais frequentes, intensas e mais longas no período de 1982-2021, no Mediterrâneo. Na caracterização espacial e na análise de tendências a longo prazo, foram aparentes as diferenças regionais.
Torna-se necessária uma perspetiva espacial nos estudos
Os resultados evidenciaram variações nas características e tendências das ondas de calor marinhas nas diferentes sub-bacias, evidenciando o facto de que, mesmo numa bacia relativamente pequena como o Mediterrâneo, as diferenças regionais significativas tornam necessária a inclusão de uma perspectiva espacial nos estudos, para além da análise puramente local em cada ponto de observação numa grande bacia ou mesmo no oceano global.
Relativamente à caracterização deste tipo de ondas de calor e à análise de tendências na bacia mediterrânica, foi encontrada uma tendência crescente em termos de frequência, duração e intensidade que se acelerou desde 2000 e especialmente na última década, apontando não só para uma intensificação constante e uma maior frequência de ondas de calor marinhas, mas também para a emergência de um novo conjunto das mesmas, mais intensas, duradouras e espacialmente extensas.
As ondas de calor marinhas são, assim, um campo de estudo emergente com duas perspectivas diferentes. A primeira devido ao aquecimento global dos oceanos, resultado das alterações climáticas. A segunda, devido aos seus impactos na biologia marinha e nas interações do sistema mar-atmosfera, acoplado através da evaporação e dos fluxos de calor.
O essencial a retirar deste estudo é que deveria haver algumas limitações espaciais no que toca à investigação das ondas de calor marinhas, especialmente quando se pretende visar os impactos, tendo em conta que o resultado seria mais fidedigno.