O que aconteceria se todo o sal dos oceanos desaparecesse de repente?

É certo e sabido que o sal dos oceanos tem uma grande influência não só para as correntes oceânicas, mas também para os ecossistemas marinhos. O que aconteceria se os oceanos não tivessem sal?

sal; oceanos
A redução súbita do peso que pressiona o fundo do mar provavelmente provocaria terramotos e vulcões em todo o mundo.

Um litro de água do mar contém cerca de 35 gramas de sal dissolvido, pelo que a dessalinização de todo o oceano implicaria a remoção de 45 milhões de biliões de toneladas de sal.

Efeitos imediatos da dessalinização dos oceanos

Como a água doce é menos densa, o manto de gelo do Ártico afundar-se-ia mais 10 cm na água, criando a maior onda de maré que o planeta alguma vez viu ao longo do norte da Europa, Rússia e Canadá.

Poucas horas depois, praticamente toda a vida marinha morreria à medida que as suas células inchassem e se rompessem devido à osmose (as moléculas de água deslocam-se para áreas de maior concentração de sal).

Para além de extinções em massa, tanto no mar como na terra, a produção de oxigénio também sofreria um declínio.

Consequentemente, afundar-se-iam no fundo do oceano, mas os seus corpos não se decomporiam, porque todas as bactérias marinhas estariam também mortas. As algas marinhas são responsáveis por, pelo menos, metade da produção de oxigénio da Terra, pelo que também haveria extinções em massa em terra.

A importância do sal nos oceanos

O sal é um dos fatores que determinam a movimentação das correntes marítimas – os outros são a temperatura e os ventos. A água do mar com menos sal (menos densa) corre sobre a água com mais sal (mais densa), pelo que se toda a água fosse doce, não haveria tanta movimentação da mesma.

Desta forma, e tendo em conta que o Sol aquece a Terra principalmente pela região do Equador, haveria um grande desequilíbrio climático. Porquê? São os ventos e as correntes marítimas que distribuem o calor para os polos – e o frio para o Equador.

A corrente do Golfo (quente), por exemplo, garante que a Inglaterra não seja um bloco de gelo. E a corrente do Peru (fria) permite a boa pesca no litoral do Chile. Com as correntes mais fracas, as zonas frias seriam mais frias e as quentes, mais quentes.

circulação oceânica; termohalina
A corrente termohalina seria totalmente diferente ou inexistente, acentuando os extremos climáticos em todo o globo.

Haveriam, também, mais glaciares, o que poderia resultar num clima global mais frio e seco, pois o gelo reflete diretamente a radiação solar.

Voltaríamos a uma Era Glaciar?

A água do mar, salgada, congela a -2 ºC. Se fosse doce, congelaria a 0 ºC. Pelo que o oceano, que hoje é congelado acima da latitude 70º, passaria a ter glaciares até à latitude 60º. Assim, a América, Ásia e Europa estariam unidas por placas de gelo, no Polo Norte. E a Antártida ficaria mais próxima da América do Sul, da Austrália e de África.

Outros efeitos a longo prazo

Mais glaciares significam um oceano com nível mais baixo. Assim, os continentes teriam mais pedaços de terra descobertos, ou seja, seriam maiores. Algumas ilhas submersas emergiriam e outras seriam ligadas a continentes.

A vida nos oceanos - que como já referimos seria inexistente (pelo menos na forma em que a conhecemos) - seria mais parecida com a dos lagos, onde o fundo é lodoso. A cor dominante seria, portanto, o castanho.

Para terminar, com o clima geral mais frio e seco, a capacidade de produzir alimentos diminuiria. O número de pessoas na Terra é limitado pela quantidade de comida disponível, então seria menor.

Contudo, num cenário mais realista, eventualmente, os oceanos acabariam por voltar a salinizar-se, já que os minerais são continuamente dissolvidos da terra pelos rios e transportados para o mar, mas esse processo demoraria dezenas de milhares de anos.