O Oceano Atlântico está a aumentar ou a diminuir?

Desde a separação da Pangeia que o oceano Atlântico continua a crescer, devido ao rift médio atlântico. Contudo, estudos recentes mostram que esta tendência poderá inverter-se dentro de alguns milhões de anos. Saiba mais aqui!

Oceano Atlântico
Apesar do rift médio atlântico que contribui para o alargamento do oceano, existem atualmente, duas zonas de subducção no mesmo.

A deriva das placas tectónicas já contribuiu para diversas alterações ao longo da escala de tempo geológico, em que há cerca de 200 milhões de anos, o único continente existente, conhecido por “Pangeia”, se começou a desprender, dando origem, pouco a pouco, ao mundo que conhecemos hoje.

Ora, estas mudanças foram devidas a uma série de atividades que acontecem nas zonas de fronteira das placas que podem ser convergentes, divergentes ou transformantes.

Placas convergentes e consequências

Quando duas placas são convergentes, sejam elas oceânicas ou terrestres, podem acontecer dois processos.

  1. Subducção- colisão entre uma placa mais densa com uma mais leve, em que a mais densa afunda, podendo originar grandes cadeias montanhosas, como no caso da Cordilheira dos Andes, na América do Sul, onde a placa oceânica afunda perante a placa continental.

  2. Obducção: este processo acontece devido à colisão entre duas placas de mesma densidade, que acabam por empilhar-se e dar origem a grandes cadeias montanhosas, como por exemplo, os Himalaias, que resultam do embate da placa da Índia com a Euro-asiática.
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Placas divergentes e transformantes

Aquando um processo de convergência de placas, o material que se “perde” na subducção ganha-se nas placas divergentes. Como? Como foi referido acima, existe um rift no meio do oceano Atlântico que contribui para o crescimento do mesmo.

A divergência de placas explica, pois os rifts são zonas de fratura onde ocorre a ascensão do magma que, ao solidificar, contribuirá para o fundo oceânico (crosta oceânica). Ou seja, à medida que a nova crosta é formada, as placas, movendo-se lentamente em sentidos opostos, transportam-na e afastam-na do rift, dando origem ao tal aumento. Quanto às fronteiras transformantes, as placas apenas deslizam não havendo destruição nem construção de crosta.

O crescimento do oceano Atlântico

Como já foi supracitado, o oceano Atlântico cresce desde a separação da Pangeia, devido aos processos acima explicados. Contudo, e para além do rift médio atlântico, existem também duas zonas de subducção. Uma nas Antilhas das Caraíbas e outra no Arco da Escócia, perto da Antártida.

placas tectónicas
Neste mapa podemos observar as duas zonas de subducção já existentes, nas Antilhas das Caraíbas e no Arco da Escócia e a zona em questão, no Arco de Gibraltar. Fonte: João Duarte et al.

Estudos recentes mostram a possibilidade de haver uma nova zona de subducção no Atlântico, dentro de poucos milhões de anos. Esta zona de subducção terá contribuído para o fecho do que é agora o mar Mediterrâneo e poderá estar a migrar pelo estreito de Gibraltar até ao oceano.

Será que o oceano poderá mesmo fechar?

Da mesma forma que muitos cientistas acreditam que essa zona de subducção do Mediterrâneo deixou de estar ativa, pois abrandou de forma significativa nos últimos milhões anos, outras zonas podem abrandar enquanto outras ganham velocidade.

Alguns estudos sugerem que o arco de Gibraltar se propagará mais para o Atlântico após este período de quiescência. Os modelos também mostram de que forma uma zona de subducção que começa num oceano fechado (atual Mediterrâneo) pode migrar para um novo oceano aberto (Atlântico) através de um corredor oceânico estreito.

A invasão de zonas de subducção é provavelmente um mecanismo comum de iniciação deste processo em oceanos do tipo Atlântico e um processo fundamental na evolução geológica recente da Terra, tal como refere o ciclo de Wilson.

Ciclo de Wilson, em geologia, é uma teoria em que um continente se move, formando uma bacia oceânica e depois inicia um processo de convergência que leva à colisão das duas placas e ao encerramento do oceano.

Alguns especialistas acreditam que, à semelhança do oceano Pacífico, o Atlântico poderá começar a formar, também, um anel de fogo, à medida que vai fechando.

Terra, um planeta em constante evolução

Resumidamente, atualmente o oceano Atlântico continua a crescer alguns centímetros por ano. Agora resta saber se o ciclo de Wilson se concretiza e este começará a fechar-se, eventualmente.

Contudo, feliz ou infelizmente, não estaremos aqui para saber como irá suceder. O importante é sabermos que o planeta Terra está em constante evolução e que se houve um grande processo geológico para chegarmos ao formato de hoje, que contribui para a vida na Terra, provavelmente, este processo não ficará por aqui e deverá servir para muitas alterações no futuro.

Referência da notícia:
Wilson R., Houseman G., Buiter S., et al. Fifty years of the Wilson Cycle concept in plate tectonics: an overview. Research Gate (2019).
Duarte J., Riel N., Rosas F., et al. Gibraltar subduction zone is invading the Atlantic. Geology (2024).
Duarte J., Schellart W., Rosas F. The future of Earth's oceans: consequences of subduction initiation in the Atlantic and implications for supercontinent formation. Cambridge Core (2016).