O mundo está a perder gelo a um ritmo recorde

Segundo imagens de satélite o gelo marinho do Ártico atingiu a sua extensão mínima depois do mês de julho ter sido considerado o mês mais quente neste lugar. Saiba mais aqui!!

Degelo no Ártico
A extensão do gelo marinho do Ártico está a diminuir 12,2% por década devido às temperaturas mais altas.

De acordo com a NASA o gelo marinho do Ártico atingiu a sua extensão mínima em setembro do ano passado.

É de frisar que o gelo marinho do Ártico está a diminuir a um ritmo de 12,2% por década, em comparação com a sua extensão média durante o período de 1981 a 2010.

Desde 1979 existem observações da dimensão do gelo marinho do Ártico através de satélites.

A extensão do gelo marinho é um dos três principais indicadores de gelo marinho e julho foi considerado o mês mais quente no Ártico que, por conseguinte, também o mês em que se registou o pico da perda de gelo.

Desde meados de julho de 2024, a extensão está a diminuir a um ritmo acima da média.

"Nas últimas três décadas tem havido um enorme esforço internacional para compreender o que está a acontecer nos componentes individuais do sistema de gelo da Terra. Este esforço foi revolucionado pelos satélites, que nos permitem monitorizar regularmente as vastas e inóspitas regiões onde o gelo pode ser encontrado". Segundo o Dr. Slater investigador do Centro de Observação e Modelização Polar.

Grande parte do mar desapareceu na Baía de Hudson e registou-se um grande recuo nos mares de Barents e Laptev.

A importância dos dados das imagens de satélite

Dados de satélite revelam que uma pequena área de gelo marinho invulgarmente denso formou-se no inverno passado perto da ilha de Wrangel.

A 15 de julho de 2024, a meio do mês, a extensão do gelo marinho era de 8,16 milhões de quilómetros quadrados, ocupando o sétimo lugar mais baixo no registo de microondas passivas por satélite para essa data.

Extensão do gelo
Este mapa compara as extensões de gelo marinho do Ártico entre 1 de julho de 2024 e 14 de julho de 2024, utilizando a ferramenta de comparação do NSIDC. Fonte: ESA

A taxa de perda de gelo de 1 a 15 de julho, de 121 000 quilómetros quadrados por dia, foi superior ao valor médio de 89 000 quilómetros quadrados por dia.

De acordo com uma ferramenta de comparação espacial de gelo marinho do NSIDC, as perdas de gelo nas últimas duas semanas foram mais notáveis ao longo da costa da Eurásia, particularmente no norte dos mares de Barents e Laptev, no entanto ainda se mantém algum gelo na parte ocidental da Baía de Hudson.

Degelo dos mantos de gelo

O degelo dos mantos de gelo e dos glaciares faz subir o nível do mar e aumenta o risco de inundações nas comunidades costeiras, o que tem consequências graves para a sociedade, a economia e o ambiente.

Os mantos de gelo estão agora a seguir os piores cenários de aquecimento climático estabelecidos pelo Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas. A subida do nível do mar a esta escala terá impactos muito graves nas comunidades costeiras neste século.

O aumento da perda de gelo foi desencadeado pelo aquecimento da atmosfera e dos oceanos, que registaram um aumento de 0,26°C e 0,12°C por década desde 1980, respetivamente.

Degelo marinho
O gelo marinho global está a cair para mínimos históricos. Estamos a perder mais de 25 000 toneladas de gelo do Ártico por segundo. Fonte: ESA

De acordo com Isobel Lawrence, também cientista, afirma que a perda de gelo marinho não contribui diretamente para a subida do nível do mar, mas tem uma influência indireta.

Um dos principais papéis do gelo marinho do Ártico é refletir a radiação solar de volta para o espaço, o que ajuda a manter o Ártico fresco.

À medida que o gelo marinho diminui, mais energia solar está a ser absorvida pelos oceanos e pela atmosfera, fazendo com que o Ártico aqueça mais rapidamente do que qualquer outro lugar do planeta.

O recuo dos glaciares em todo o mundo é, por conseguinte, de importância crucial, tanto à escala local como global. Desta forma, Mark Drinkwater, da ESA, acrescenta que a torneira para o vasto reservatório gelado global foi aberta pelo aquecimento global.

A continuidade dos dados de satélite é a chave para prever as futuras perdas de gelo e para ajudar a mitigar as ameaças colocadas pela subida do nível do mar, pela contração dos glaciares de alta montanha e por outras reações climáticas.