O mistério da paisagem atrás de Mona Lisa parece estar resolvido após 500 anos de discussão
Não só o sorriso de La Gioconda é um enigma nesta pintura, como também a paisagem de fundo de um dos retratos mais emblemáticos da história. Agora, a geologia deu uma resposta sobre onde seria esta paisagem.
O “Retrato de Lisa Gherardini, esposa de Francesco del Giocondo”, obra pictórica do renascentista italiano Leonardo da Vinci, é o nome oficial do retrato mais conhecido como “La Gioconda” ou “Mona Lisa”. Esta pintura sempre cativou quem teve a oportunidade de a ver, pois o seu sorriso enigmático, a suposta gravidez e as características físicas da modelo, a sua identidade ou o local que a paisagem de fundo representa têm sido objeto de análise e discussão.
Embora algumas destas incógnitas ainda permaneçam sem solução mais de 500 anos depois de Leonardo Da Vinci ter concluído esta obra-prima, parece que um dos seus maiores mistérios pode ter sido resolvido.
Uma académica afirma ter a resposta para o mistério do local que corresponde à paisagem de fundo de uma das obras de arte mais famosas do mundo.
Algumas das teorias
Durante séculos, muitos historiadores da arte debateram o cenário paisagístico desta obra-prima, especulando sobre os locais que poderiam ter inspirado Leonardo Da Vinci a pintar aquele cenário pitoresco.
Muitos indicaram que era produto da imaginação febril de Leonardo, mas alguns afirmaram que coincidia totalmente com as paisagens dos Alpes italianos. Outros tentaram encontrar coincidências com a ponte que pode ser vista logo acima do ombro direito de Mona Lisa. Em particular, as pontes na província de Arezzo, no centro-norte da Itália, perto de Florença, apresentam o maior número de acessos.
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— JEADV (@TheJEADV) November 21, 2021
Em 2011, a historiadora de arte Carla Glori publicou um livro intitulado "Enigma Leonardo", no qual afirmava que a ponte de três arcos da pintura é uma referência a Bobbio, uma cidade na Província de Piacenza, região da Emília-Romanha. Em 2013, a geomorfóloga italiana Olivia Nesci, juntamente com a fotógrafa Rosetta Borchia, assumiram que a paisagem é Montefeltro, vista das alturas de Valmarecchia, no norte da Itália.
Em 2023, Silvani Vinceti, outro historiador de arte, afirmou que a paisagem representava a cidade de Laterina, na região da Toscana, Província de Arezzo, pois conseguiu identificar alguns dos marcos físicos distintivos da cidade, como a Ponte Romito.
Sem qualquer registo da famosa pintura nos diários do artista, o mistério da paisagem de fundo da Mona Lisa pareceria nunca poder ser resolvido... até agora.
As pistas estão na geologia
Leonardo da Vinci foi um génio universal, pintor, anatomista, arquiteto, paleontólogo, botânico, escritor, escultor, filósofo, engenheiro, inventor, músico, poeta e urbanista. Descrito como a pessoa mais talentosa em múltiplas disciplinas que já existiu, ele também possuía amplo conhecimento em geologia. De fato, ele é conhecido por usar o seu profundo conhecimento das ciências naturais e físicas para aprimorar as suas pinturas e esculturas, sendo muito meticuloso nos detalhes.
Ann Pizzorusso é uma geóloga e historiadora de arte italiana que afirma ter identificado o fundo do retrato: a cidade de Lecco, localizada nas margens do Lago de Como, no norte da Itália. Pizzorusso usou a sua experiência em geologia para identificar as falésias rochosas que se erguem atrás de Gioconda no retrato, percebendo que eram de calcário e que se assemelhavam às Dolomitas de Lecco, as montanhas de calcário, dolomita e argila que circundam a cidade. Isto permitiu-lhe descartar completamente muitas outras pontes semelhantes à pintada por Leonardo.
Pizzorusso diz: "Podes dar esta imagem a qualquer geólogo do mundo e eles dirão o que eu digo sobre Lecco. Até mesmo um não-geólogo agora pode ver as semelhanças".
Pizzorusso conseguiu identificar a ponte ao fundo de Mona Lisa com a ponte Azzone Visconti em Lecco, do século XIV, a cordilheira com os Alpes do sudoeste e o lago com o Lago Garlate, um lugar que Leonardo teria visitado há 500 anos.
Esta investigação destaca como a ciência e a arte podem unir-se para revelar mistérios seculares.