O impacto das alterações climáticas nas espécies migratórias
Muitas espécies migratórias estão em perigo de extinção como resultado do impacto da atividade humana, das alterações climáticas e da perda dos seus habitats naturais. Mas algumas espécies são mais vulneráveis a esse efeito do que outras.
As Alterações Climáticas são um tema cada vez mais falado na opinião pública e bem conhecido da comunidade científica, nomeadamente à sua relação com a conservação das espécies migratórias.
A literatura sugere que as consequências são mais acentuadas em habitats costeiros, marinhos de água doce, tundra (Ártico), montanhoso e terrestre árido e são agravados sobretudo devido aos processos antropogénicos, em diversos setores: desde a agricultura aos transportes.
As espécies migratórias, ao fazerem longos percursos durante a sua migração, acabam por ser afetadas pelas alterações climáticas. Os habitats modificam-se devido à redução de alimento, às mudanças no nível das águas do mar, ao aumento de temperatura ou até por aumento de cheias e tempestades. Dessa forma, muitas espécies poderão ficar em perigo.
Ao contrário da maior parte dos animais, as aves têm mostrado uma enorme resiliência às alterações do clima e a outras pressões sobre os seus habitats. Trinta e cinco por cento das espécies aumentaram a sua distribuição e 25% reduziram-na (as restantes mantiveram ou não há dados suficientes sobre elas para perceber a tendência).
Aves Migratórias
Quem é que nunca assistiu ao retorno das andorinhas na Primavera? Este fenómeno acontece pois durante o período mais frio elas retiram-se, para não afetar a sua sobrevivência. Quando o tempo fica mais ameno, voltam para procriar e cuidar das suas crias. Estas rotas migratórias variam consoante a espécie, não sendo sempre as mesmas nem tendo a mesma distância.
Estas foram surgindo ao longo de milhares de anos de adaptação. Algumas aves percorrem milhares de quilómetros e planam durante dias a fio sem parar. Conseguem descansar enquanto planam pois adormecem metade do seu cérebro durante alguns minutos por dia.
Alguns cientistas descobriram que as aves tanto utilizam o sol como as estrelas como bússola, mas também têm uma bússola magnética interna que as mantém na rota correta. Portanto, sabem para onde vão porque anos de experiência lhes permitiram descobrir locais propícios à sua sobrevivência. No entanto, esses locais estão a mudar.
Um outro exemplo, muitas cegonhas portuguesas, já não abandonam o país na época fria, em direção à África Subsariana, passando assim de migratórias a residentes. Parte do fenómeno deve-se à proteção de que gozam e à disponibilidade de alimento (sobretudo a existência de aterros de lixo e uma praga de lagostim-vermelho-do-Louisiana), mas o aquecimento também será um dos fatores.
Antes de mais, é necessário que existam estratégias de conservação dinâmicas que consigam antecipar vários dos problemas que já sucedem e outros que virão. A conservação das áreas protegidas e a garantia de habitats “seminaturais” são essenciais para que as espécies possam continuar a sobreviver.
As mudanças climáticas continuarão a existir e se não houver uma melhoria abrupta, estas irão ameaçar cada vez mais a biodiversidade global, a integridade dos ecossistemas, dos serviços que eles fornecem e consequentemente, a sociedade humana.