O futuro dos oceanos e da criosfera
Haverá profundas consequências para os oceanos e criosfera, caso não haja uma redução urgente das emissões de gases de efeito estufa. Saiba mais aqui sobre o mais recente relatório do IPCC.
Os ecossistemas e os meios de subsistência que dependem deles têm de ser preservados. Para isso são necessárias ações imediatas, senão vão haver profundas consequências para os oceanos e criosfera, caso não haja uma redução urgente das emissões de gases de efeito estufa.
Relatório do IPCC
O Relatório especial do IPCC, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, sobre os Oceanos e a Criosfera num clima em mudança, foi aprovado no passado dia 24 de setembro pelos 195 estados membros do IPCC reunidos no Mónaco. Este relatório destaca os benefícios de uma adaptação ambiciosa e eficaz para o desenvolvimento sustentável e, inversamente, os custos e riscos crescentes de uma ação adiada. A palavra "criosfera" - do grego 'kryos', que significa frio ou gelo - descreve os componentes congelados do sistema terrestre, incluindo neve, glaciares, regiões cobertas de gelo, icebergues e gelo no mar, em lagos e nos rios. Juntamente com os oceanos, desempenha um papel crítico para a vida no planeta.
O relatório do IPCC aponta para evidências esmagadoras de que o aquecimento global, afetado pelas emissões atuais e passadas de gases de efeito estufa, está a resultar em profundas consequências para os ecossistemas e as pessoas. A taxa a que os oceanos estão a aumentar a sua temperatura tem sido mais que o dobro desde o início dos anos 90, e as ondas de calor marinhas estão a tornar-se mais frequentes e intensas. Esta tendência está a remodelar os ecossistemas oceânicos e a alimentar tempestades, como é o caso dos ciclones tropicais, que se tornam mais intensos e severos.
Os oceanos ao absorverem calor e dióxido de carbono da atmosfera, têm contribuído para diminuir o efeito das mudanças climáticas. No entanto esta situação está a alterar-se. Os oceanos ao absorverem o CO2, tornam-se mais ácidos, ameaçando a sobrevivência dos recifes de corais e da pesca. O oceano está mais quente, mais ácido e menos produtivo. O degelo dos glaciares e das camadas de gelo está a causar um aumento do nível do mar e os eventos extremos costeiros estão a tornar-se mais graves.
De acordo com um relatório recente da Organização Meteorológica Mundial (OMM), a temperatura média global aumentou 1,1 °C desde o período pré-industrial e 0,2 °C em comparação com 2011-2015. O relatório do IPCC, através de inúmeros estudos científicos, fornece novas evidências para os benefícios de limitar o aquecimento global ao nível mais baixo possível, abaixo de 2,0 °C, de acordo com a meta definida no Acordo de Paris de 2015, ou melhor ainda, abaixo de 1,5 °C.
Atualmente as rápidas mudanças no oceano e nas zonas congeladas do nosso planeta estão a forçar já milhões de pessoas das zonas costeiras até às remotas comunidades do Ártico a alterarem os seus modos de vida. Existem cerca de 670 milhões de pessoas em regiões de alta montanha e 680 milhões de pessoas em zonas costeiras baixas que dependem diretamente dos sistemas oceânicos e da criosfera. Quatro milhões de pessoas vivem permanentemente na região do Ártico, e cerca de 65 milhões de pessoas nos pequenos estados insulares.
Cenário futuro
O relatório do IPCC projeta ainda que o nível do mar pode subir até 1,1 metros até 2100 se as emissões de gases de efeito estufa continuarem a subir. Isto é, cerca de 10 centímetros a mais do que a estimativa incluída no último relatório do IPCC sobre o clima global divulgado em 2013.
No entanto, um cenário ainda pior tem de ser considerado, a elevação do nível do mar ser um pouco mais ou muito mais alta que o previsto. De acordo com o cientista Richard Alley da Universidade Estatal da Pensilvânia, isto vai depender se e quando o aumento da temperatura pode desencadear um rápido colapso das camadas de gelo, principalmente no oeste da Antártida.