O figo da Índia: conheça as curiosidades de uma fruta que ultrapassa fronteiras
Verde, vermelho ou amarelo, características de zonas áridas e com nomes diferentes dependendo do país. Aqui contamos factos que talvez não soubesse sobre esta famosa fruta.
Nos confins de desertos áridos e terras semiáridas, entre espinhos e pétalas, esconde-se um tesouro botânico pouco convencional: figos da Índia. Estas frutas provenientes do cacto Opuntia-ficus-indica há muito são fonte de espanto e utilidade nos lugares mais inóspitos do nosso planeta.
Desde as suas origens nas antigas civilizações mesoamericanas até ao seu papel na atualidade como um símbolo de resistência e adaptabilidade, os figos da Índia espinhosos têm muito mais a oferecer do que poderíamos imaginar à primeira vista.
Qual é a origem destas frutas “espinhosas”?
Viajamos para os desertos áridos do México, onde civilizações mesoamericanas como os astecas e os maias cultivavam o cacto que dá esta deliciosa fruta como um presente valioso.
No México, o período de floração do cacto Opuntia ficus ocorre entre maio e julho e mais de uma dúzia de espécies diferentes de frutas foram descritas. A espécie conhecida como “figo-da-índia” – falaremos dos nomes – é a mais produzida para consumo por se tratar de uma variedade que não possui espinhos.
Lista dos principais produtores de figos
Como pode imaginar, o primeiro lugar da lista é o México. Segundo a revista “Trends in Food Science and Technology”, o país norte-americano detém 45% da produção mundial, seguido pela Itália com 12,2% e pela África do Sul com 3,7%.
Embora o cultivo de figos esteja presente em vários países, incluindo Brasil, Egito e Marrocos, ele só é produzido comercialmente no México, Itália, Chile e África do Sul.
Em que regiões do Chile o figo é cultivado?
Segundo dados da Fundação para a Inovação Agrícola (FIA), as áreas de cultivo de figos estão concentradas nas regiões Metropolitana, Valparaíso e Coquimbo, embora existam plantações de Arica a Biobío.
Esta fruta pode atingir a sua plena produção no quinto ano de cultivo, com pomares que podem obter 20 toneladas de figos, ou seja, 20 mil quilos!
No Chile há uma produção durante o inverno que ocorre entre junho e setembro, e uma colheita de verão que ocorre no mês de abril.
Uma fruta, vários nomes
O cultivo do figo recebe diferentes nomes de acordo com o país onde se encontra, refletindo a riqueza linguística e cultural associada a esta cultura frutícola.
No México, a planta é conhecida como “pera espinhosa” e o fruto como “figo”, se for doce, ou “xoconostle”, se for amargo.
Em Espanha, os figos recebem nomes de "figo das Índias" ou "pêra espinhosa", referindo-se à sua origem no continente americano e à sua capacidade de prosperar em condições difíceis. Nas Ilhas Canárias, são conhecidas como "tuneras" e os frutos como "tunos", enquanto em Portugal são chamados de "tabaibeira" ou "figueira da Índia".
Nos Estados Unidos e em outros países de língua inglesa, os figos são conhecidos como "prickly pear", embora este termo esteja a ser substituído por "cactus pear" para eliminar a conotação negativa de "prickly" (espinhoso). Na Califórnia, onde o figo foi introduzido por missionários franciscanos do México, chama-se "mission cactus", em homenagem à sua origem histórica.
Os figos são muito mais do que apenas uma fruta; com os seus múltiplos nomes e sabores, são uma experiência sensorial que nos liga à riqueza cultural e gastronómica do mundo.
Referências da notícia:
Agricultural and natural resources. Prickly Pear Cactus Production. University of California, Davis, 2012.
Arancibia, D. et al. La tuna, Manejo del cultivo y usos. Fundación para la Innovación Agropecuaria.
Andreu-Coll, L. et al. Economic estimation of cactus pear production and its feasibility in Spain. Trends in Food Science and Technology, 2020.