O colapso de gelo na Antártida
O facto de algumas plataformas geladas estarem a colapsar no Pólo Sul é preocupante e já causou diversos alarmismos. Porém, alguns investigadores do MIT afirmam que este processo não será tão desastroso como foi previsto. Contamos-lhe tudo aqui!
Os mantos de gelo da Antártida ocupam uma área duas vezes maior que os Estados Unidos da América contíguos e, para reforçar, ao longo de toda a costa deste continente existem plataformas de gelo que por vezes, colapsam. Quando isto acontece dá-se a formação de penhascos/falésias de gelo que poderão influenciar o nível da água do mar.
Alguns cientistas afirmam que se estes penhascos tiverem uma altura de até 90 metros podem ceder e afundar totalmente e que, caso isto aconteça, o nível do mar elevar-se-á em mais de 182 cm, até ao final do século, o que seria suficiente para inundar muitas cidades costeiras, ao longo de todo o globo.
Atualmente, não existem falésias com altura superior a 90 metros, pois os cientistas assumem que, caso existissem, estes iriam colapsar por não aguentarem com o próprio peso. Fiona Clerc do MIT (Massachusetts Institute of Technology) diz: “Estas plataformas têm cerca de um quilómetro de espessura e algumas são do tamanho do Texas (…) para chegar às previsões catastróficas que envolvem os penhascos de gelo mais altos, essas prateleiras de gelo teriam que desaparecer em poucas horas, o que parece improvável, independentemente do cenário das mudanças climáticas.”
“O pior cenário atual do aumento do nível do mar da Antártida é baseado na ideia de que falésias acima de 90 metros cederiam catastroficamente", afirma Brent Minchew, professor assistente do Departamento de Ciências da Terra, Ciências Atmosféricas e Planetárias do MIT. "Estamos a dizer que esse cenário, com base na falha do penhasco, provavelmente não se irá concretizar”.
Simulação
Para comprovarem esta hipótese, os investigadores Clerc, Minchew e Behn fizeram um pequeno teste. Usaram um bloco retangular de gelo para representar uma camada de gelo (gelo sobre a terra) suportada, inicialmente, por uma plataforma de gelo igualmente alta (gelo sobre a água), avançando assim com a simulação. De seguida, fizeram com que a plataforma de gelo encolhesse a ritmos diferentes e viram como o penhasco exposto respondia com o tempo.
No final descobriram não só que quando um penhasco de 90 metros é exposto, ele entra em colapso somente se a plataforma de gelo de suporte tiver sido removida rapidamente num período de horas, como descobriram que esse comportamento é válido para falésias de até 500 metros. Se as prateleiras de gelo forem removidas em períodos de dias ou semanas, os penhascos de gelo até 500 metros não entrarão em colapso com o seu próprio peso, mas em vez disso, desaparecerão lentamente.