O clima do planeta é uma constante mutável
Oscila-se entre períodos muito quentes para muito frios, de particularmente húmidos, para inospitamente secos. Mas existe uma invariabilidade nesta dinâmica, a de que o clima do planeta, continuará ciclicamente a recalibrar-se. Saiba mais aqui.
O plasma que constitui o Sol permite aprisionar no seu interior uma temperatura de cerca de 20 milhões de graus Celsius, tendo uma superfície brilhante onde são medidos uns tórridos 5000 ºC, contudo, imediatamente acima da superfície, por ação das poderosas forças magnéticas que o envolvem, atingem-se temperaturas que rondam os 2 milhões de graus Celsius.
Todavia, as camadas superiores da atmosfera terrestre recebem cerca de 1373 W/m² de energia solar, o valor designado de constante solar, sendo o poder desta energia aquele que permite a existência de vida em diversas formas, no planeta denominado Azul. É indubitável o poder do astro rei, no delicado e intricado mecanismo que envolve a dinâmica homem, planeta, clima.
É tema de conversa em variadas circunstâncias, o estado do tempo, e por inerência o termo estereotipado das alterações climáticas. Mas o tempo muda constantemente, em ciclos de dias, meses e anos, sendo que estas mudanças implicam directamente com os seres vivos que habitam o planeta.
O que se passa afinal com o clima?
Na resenha cronológica do clima da Terra, foram cientificamente identificados alternados períodos climáticos, como o vivenciado na Europa, no auge do Império Romano, entre os anos 200 a.C e 600 d.C, um período de aquecimento climático, o qual foi seguido por um período de arrefecimento, designado de Idade das Trevas, entre 400 d.C e 900 d.C. Esta cíclica oscilação climática continuou, voltando a aquecer durante a Época Medieval (entre 900 d.C e 1300), período a que se seguiu um novo arrefecimento entre os anos 1300 e 1850, durante o Renascimento, denominado de Pequena Idade do Gelo.
Desde então, vivemos um novo ciclo em que o planeta volta a aquecer, e que fundamenta atualmente, o termo aquecimento global. Contudo, como foi constatado nos últimos dias, há regiões do planeta a curta distância geográfica, onde curiosamente se verificam extremos de calor, como no centro da Europa, por contraste com um insípido verão instalado na costa mais ocidental, particularmente em Portugal. Terá este cantinho da Europa sido descartado do aquecimento global?
Reflita-se no exemplo da Gronelândia, a maior ilha isolada entre o Atlântico Norte e o Oceano Ártico, cujo nome foi atribuído pelo norueguês Erik The Red, quando a “descobriu” em meados do ano 985 e a denominou de Grønland (terra verde), um local de temperaturas amenas, onde abundavam verdes vales, terras férteis e de pastagem, e pululavam árvores com 3 a 4 metros de altura, um cenário idílico para os Vikings povoarem.
Contudo, no espaço de poucas centenas de anos, consequência de alterações no clima da região, devido a um contínuo arrefecimento, as terras tornaram-se improdutivas, os animais começaram a padecer de fome, a enregelar e a morrer à fome decorria o ano de 1350 perante alterações naturais no clima. Só restava aos seus habitantes, morrerem de fome e frio ou mudarem-se para uma terra menos inóspita. À medida que a Grønland dos Vikings se transformava em neve e gelo, outras partes do planeta também arrefeciam. Em Inglaterra, o rio Tamisa congelou assim como os canais na Holanda, e os glaciares alpinos alastraram-se do cume das montanhas até aos vales.
Acontecimentos que definiram uma época que coincidiu com o chamado Mínimo de Maunder, um período de atividade solar muito baixa, caracterizado por uma ausência quase completa de manchas na superfície do Sol. Na atualidade, a Gronelândia, é ainda uma região coberta por extensas camadas de gelo.
O que poderá causar estas oscilações climáticas?
O Sol é o ingrediente chave para as alterações no clima do planeta. Considere-se que 99% da energia da Terra que compõe o sistema climático provém do Sol, influindo no movimento das massas de ar, das correntes oceânicas, do crescimento das árvores, pelo que qualquer oscilação no fluxo de radiação solar que chega à Terra, irá influenciar o equilíbrio energético do nosso planeta.
Mas no campo magnético do Sol ocorrem oscilações regulares que interferem com a temperatura no planeta, ou seja, variações na potência da energia do Sol que chega à Terra, têm impacto direto e incontornável na atmosfera e no clima em largas escalas de tempo.
Analisando cientificamente os últimos 650 mil anos do clima terrestre, verifica-se que sempre que a temperatura do planeta aumenta, sucede-se um aumento nos valores de CO₂ na atmosfera. Aqui entra um ingrediente determinante, os oceanos, grandes reservatórios de CO₂, que quando aquecidos pelo calor do Sol, libertam o dióxido de carbono para a atmosfera, e desregulam as quantidades já existentes deste gás, com implicações inevitáveis para o complicado sistema climático. Efetivamente, as ações do Homem têm impacto no sistema climático da Terra numa dimensão quase residual, comparativamente com o poderio da ação da energia do Sol!