O ciclo da água já não é como aprendeu na escola. Veja o novo!
Sempre estudámos na escola o caminho ou "vida" que a água percorre através da Terra: evapora-se no mar, forma nuvens, chove e regressa ao mar através dos rios. Apresentamos um ciclo da água com novos componentes.
A interação entre a atmosfera e a hidrosfera resulta numa contínua troca de fluxos e matéria. A correlação mais evidente materializa-se no ciclo hidrológico, que nos diz como a água se move através da Terra em diferentes estados: líquido, sólido e gasoso. Este processo tem quatro fases principais: evaporação, condensação, precipitação, infiltração e escoamento. Vamos revê-los rapidamente:
- Evaporação: água sob forma líquida em rios, mares, oceanos, lagos... é transformada em estado gasoso devido ao aquecimento por ação do Sol. Esta evaporação implica a presença de mais vapor de água na atmosfera.
- Condensação: fase da formação de nebulosidade. O vapor de água, ao subir na atmosfera, arrefece seguindo o gradiente térmico altitudinal, de modo a ser transformado em pequenas partículas e gotas de água. Nesta altura, formam-se nuvens e névoas.
- Precipitação: A chuva ocorre quando a água condensada da atmosfera desce à superfície terrestre sob a forma de gotas. Nas regiões frias, esta precipitação ocorre sob a forma sólida, através de neve ou granizo.
- Infiltração: o processo pelo qual a água penetra no solo. Parte dela permanece na área mais superficial do solo e é benéfica para os animais e plantas. Outra parte percola para níveis mais baixos até ser depositada em aquíferos.
- Escoamento: este é o movimento da água através da superfície graças à gravidade e à inclinação do terreno. É o principal agente geológico da erosão e do transporte de sedimentos. Uma montanha que sofreu com os incêndios florestais terá um escoamento muito maior e, com efeito, uma maior degradação do solo. No entanto, a presença de árvores nos sistemas montanhosos implica uma maior retenção de solo e uma maior absorção de água pela vegetação.
Era, a priori, um ciclo totalmente natural que tem sido claramente afetado pela presença e atividade humanas. Assim, o Serviço Geológicos dos EUA (USGS) lançou pela primeira vez um diagrama do ciclo da água totalmente renovado, onde os seres humanos são os protagonistas e o fator antrópico desempenha um papel "alterador" nestes processos naturais.
A mudança reflete os últimos 20 anos de investigação que desvendam o papel central da Humanidade no ciclo da água. Cee Nell, especialista em visualização de dados do USGS e arquiteto do diagrama, diz: "Temos de mudar a forma como pensamos para sermos capazes de viver e utilizar a água de uma forma sustentável no futuro.
Para além de processos naturais como a evaporação dos oceanos, precipitação sobre a terra e escoamento, o novo diagrama contém pastagens, escoamento urbano, utilização de água doméstica e industrial e outras atividades humanas. Também se destacam a alteração dos rios através do endireitamento dos seus canais, a criação de barragens e reservatórios, a artificialização dos cursos fluviais através de desvios ou a construção de novos canais.
Uma das formas mais significativas de utilização da água nos Estados Unidos é nas centrais termoelétricas, onde a água dos rios é utilizada para o arrefecimento, disse Nell. A água regressa então ao rio, o que por vezes pode afetar a qualidade da mesma.
Os diferentes usos da água
O gráfico expressa de uma forma muito clara e evidente que o ciclo hidrológico inclui os usos humanos e antrópicos da água: o uso para consumo, agrícola, industrial, etc...
A existência de uma utilização consumista (para consumo) implica uma gestão da água por parte das administrações públicas e/ou empresas privadas que devem criar toda uma rede de infraestruturas para limpar, purificar e tornar a água potável. A seca dos últimos meses, especialmente na Catalunha, realçou o valor das centrais de dessalinização como uma peça-chave do abastecimento de água. A central de dessalinização de Prat fornece água inclusive para uso agrícola no Parc Agrari del Baix Llobregat.
Por outro lado, os usos agrícolas e industriais implicam também a construção de canais de irrigação, tubos ou canalização de abastecimento para empresas e, sobretudo, estações de tratamento que garantam a boa qualidade ambiental dos leitos dos rios.