O campo magnético da Terra está a mudar rapidamente, os pólos poderão inverter-se em breve?
O campo magnético da Terra protege a vida no nosso planeta e, nas últimas décadas, têm sido observados movimentos importantes e até os pólos da Terra podem mesmo inverter.
O campo magnético da Terra desempenha um papel crucial na proteção da vida no nosso planeta, atuando como um escudo invisível contra a radiação perigosa e a atividade geomagnética. No entanto, este defensor incansável não é estático: move-se, evolui e, a dada altura, pode até inverter-se. Neste artigo, analisaremos os pormenores do campo magnético da Terra, desde a sua geração e evolução, até às suas implicações no clima e na tecnologia moderna.
Como é que o campo magnético da Terra é gerado?
O campo magnético da Terra tem origem no núcleo externo da Terra, composto por ferro líquido a cerca de 3000 quilómetros de profundidade. As correntes elétricas geradas pelo movimento do ferro líquido nesta região levam à formação do campo magnético, um fenómeno essencial gerado por cargas elétricas em movimento.
A evidência inicial do campo magnético da Terra, baseada em minerais magnéticos nas rochas, remonta a cerca de 3,5 mil milhões de anos. No entanto, foram encontrados zircões com até 4,2 mil milhões de anos, sugerindo uma possível existência ainda mais antiga do campo magnético da Terra.
Como é que nos protege?
O campo magnético da Terra forma uma bolha protetora chamada magnetosfera sobre a camada mais externa da atmosfera, a ionosfera. Sem este escudo, a radiação cósmica e o vento solar afetariam negativamente a Terra, causando danos à vida e ao ambiente.
Embora a magnetosfera proteja contra eventos cósmicos, como as ejeções de massa coronal, estes podem desencadear tempestades geomagnéticas e afetar as comunicações por satélite e o funcionamento do GPS. As consequências destes eventos não se limitam apenas ao espaço, mas ameaçam também as nossas infraestruturas elétricas e de comunicações na Terra.
O campo magnético da Terra é estável?
Não, o campo magnético da Terra não é estável. Muda ao longo do tempo, tanto em intensidade como em direção. O campo magnético da Terra sofre inversões periódicas, alternando entre os pólos magnéticos norte e sul. Estas mudanças, que ocorrem a cada 100.000 a 1.000.000 de anos, representam uma inversão completa do campo. A última inversão ocorreu há cerca de 780.000 anos.
Durante uma inversão, o campo magnético da Terra enfraquece, o que pode aumentar a exposição da Terra à radiação cósmica e ao vento solar. Para além disso, outras investigações recentes descobriram que a intensidade do campo magnético da Terra diminuiu nos últimos séculos.
Este declínio acelerou-se nos últimos anos. Os cientistas não sabem ao certo o que causou a diminuição da intensidade do campo magnético da Terra. Uma possibilidade é que tenha sido causada pelas alterações climáticas. As alterações climáticas estão a provocar o aquecimento dos oceanos, o que pode estar a afetar o movimento do ferro líquido no núcleo externo.
Prever o futuro: quando ocorrerá a próxima mudança?
A localização do pólo magnético norte mudou cerca de 965 km desde a sua primeira medição em 1831, com uma aceleração recente de 16 a 54 km por ano. Embora a deslocação gradual não cause grande preocupação, a sua aceleração pode indicar o início de uma inversão de campo.
Os cientistas utilizam rochas vulcânicas no oceano como registos temporais para compreender a frequência destas inversões, uma vez que estas rochas captam a orientação do campo magnético durante a sua formação. Apesar dos avanços científicos, prever com exatidão a próxima inversão do campo continua a ser um desafio, especialmente com menos de 200 anos de dados.
O que aconteceria se os pólos se invertessem?
A inversão total dos pólos, embora gradual, poderá ter um impacto significativo no clima e na tecnologia ao longo de milhares de anos, alterando a exposição da Terra à radiação cósmica e afetando a concentração de ozono na atmosfera.
Além disso, esta alteração poderá aumentar o risco de exposição à radiação cósmica e ao vento solar, aumentando as probabilidades de problemas de saúde como o cancro. Poderá também aumentar o risco de tempestades geomagnéticas, com potencial para causar apagões e afetar as infraestruturas.