O aparente ciclo de aquecimento do Atlântico e as suas causas
As erupções vulcânicas, e não a variabilidade natural, foram a causa de uma aparente "Oscilação Multidecadal do Atlântico" (AMO), um suposto ciclo de aquecimento que se acredita ter ocorrido numa escala de tempo de 40 a 60 anos, durante a era pré-industrial. Saiba mais aqui!
O resultado da análise de uma grande variedade de modelos climáticos complementa a descoberta anterior de uma equipa de climatologistas, de que o que parecia ser uma Oscilação Multidecadal do Atlântico, que estaria a ocorrer durante todo o período, desde a industrialização, é, em vez disso, o resultado de uma "competição" entre o aquecimento constante causado pelas emissões de gases com efeito de estufa e o arrefecimento devido à poluição derivada do enxofre industrial.
Michael E. Mann, professor de Ciência Atmosférica e diretor do Earth System Science Center, da The Pennsylvania State University, afirma que: “Há duas décadas, trouxemos a AMO para a conversa, argumentando que havia uma oscilação climática interna natural de longo prazo centrada no Atlântico Norte, com base nas observações e simulações limitadas que estavam disponíveis até então." Agora, Mann e os seus coautores mostram que a AMO é, muito provavelmente, um artefacto das alterações climáticas, impulsionada pela atividade antrópica, nos dias de hoje, e pela própria natureza, no período anterior à era industrial.
A Oscilação Multidecadal do Atlântico
Neste estudo, os investigadores provaram que o ciclo aparente da AMO, no período atual, é um artefacto das alterações climáticas, estimulado pela industrialização, que foi mais forte até à passagem dos Clean Air Acts, nas décadas de 1970 e 1980. Mas há uma questão que se mantém: por que é que ainda vemos a AMO em registos pré-industriais?
A conclusão desta equipa, relatada no início deste mês na revista ScienceDaily, é que a oscilação inicial foi causada por grandes erupções vulcânicas nos séculos passados, que causaram o arrefecimento inicial e uma, consequente, recuperação lenta, com um espaçamento médio de pouco mais de meio século.
"Alguns cientistas afirmam que o aumento dos furacões no Atlântico, nas últimas décadas, se deve ao aumento de um ciclo interno da AMO", frisou Mann. "O nosso último estudo parece colocar um ponto final nessa teoria. O que no passado foi atribuído a uma oscilação interna é, em vez disso, o resultado de fatores externos, incluindo atividade humana, durante a era industrial, e erupções vulcânicas naturais durante a era pré-industrial."
Mann referiu que, embora alguns cientistas continuem a rejeitar certas tendências das alterações climáticas, como resultado de um suposto ciclo climático interno da AMO, a melhor evidência científica disponível não apoia a existência de tal ciclo.