O agravamento das alterações no sono das mulheres e a menopausa
O sono das mulheres, a partir de um momento das suas vidas, começa a sofrer alterações devido a um facto muito claro, a menopausa. Fique a saber mais aqui!

A menopausa é definida como a cessação natural e permanente da menstruação, assinalando assim o fim do período fértil da mulher. Como nada na biologia acontece de um dia para o outro, é diagnosticada após 12 meses sem menstruação, e ocorre geralmente entre os 45 e os 55 anos, embora haja exceções.
Durante a transição, denominada "perimenopausa", ocorrem alterações fisiológicas que podem eventualmente estar relacionadas com o aumento da dificuldade em dormir bem.
Desta forma, de acordo com um artigo publicado no The Conversation, até 40% das mulheres sofrem de distúrbios do sono durante este processo, embora outros estudos situem a prevalência em 50% ou 60%.
Sintomas da Perimenopausa
Para além das noites mal dormidas, os afrontamentos são precisamente o sintoma mais frequente durante este processo.
Embora os mecanismos exatos que desencadeiam os afrontamentos não sejam totalmente claros, segundo os cientistas, a origem pode estar nas alterações dos níveis hormonais como o estrogénio e a progesterona e dos neurotransmissores, a serotonina e a norepinefrina.
Na transição para a menopausa, há um pequeno aumento da temperatura central produzindo uma resposta excessiva dos vasos sanguíneos superficiais para reduzir, de forma exagerada, o aumento de temperatura, provocando um afrontamento.
Relação entre os afrontamentos e o sono
Os afrontamentos ocorrem mais frequentemente durante a noite. Para uma pessoa conseguir adormecer e continuar a dormir, é necessário que o centro do corpo arrefeça, sendo a temperatura ideal entre 16 e 21 ºC.
Graças a vários mecanismos fisiológicos, quando se aproxima a hora de dormir, ocorre uma vasodilatação periférica, dos vasos sanguíneos superficiais, que permite este arrefecimento.

A alteração do "termóstato" que ocorre durante a menopausa faz com que, por um lado, nos apercebamos de um calor excessivo. Por outro lado, o próprio afrontamento interfere com os mecanismos de vasodilatação que precedem o sono.
As alterações nos níveis hormonais e os distúrbios fisiológicos
Para além dos afrontamentos existem outros fatores que influenciam a qualidade do sono, como o envelhecimento, o aumento de peso ou o aparecimento de doenças crónicas podem levar a alterações da condição física que, por sua vez, afetam o sono e os hábitos diários.
Além disso, o próprio envelhecimento fisiológico pode levar a uma deterioração do sistema circadiano, ou seja, os "relógios" que nos enviam para o sono.
No entanto, existem estratégias que nos podem ajudar a dormir melhor, tais como:
- Manter horários de sono, de refeições e de exercício semelhantes ajuda a sincronizar os nossos relógios internos;
- Jantar pelo menos duas horas antes de deitar;
- Fazer exercício físico adaptado às nossas capacidades, evitando fazê-lo perto da hora de deitar;
- Desativar as notificações do telemóvel e evitar conteúdos que nos ativem ou perturbem;
- Manter rotinas relaxantes, como reservar as noites para o descanso, evitando trabalhar em casa a altas horas da noite;
- Evitar a cafeína, o álcool, a nicotina e outras substâncias.
Tudo isto, juntamente com um maior investimento em recursos de saúde e investigação sobre a fisiologia da mulher, contribuirá para que não dormir bem durante a menopausa seja apenas um sonho mau.