No Quénia os burros estão a morrer devido ao plástico ingerido
Segundo um grupo de cientistas, devido à pouca erva encontrada na ilha de Lamu, os burros veem-se obrigados a remexer no lixo, no entanto poderá ser este um problema global que afeta muitas espécies?
A cidade velha de Lamo, no Quénia, é conhecida pelo seu cheiro a água do mar e a estrume fresco devido aos burros que se arrastam ao longo do cais da cidade, transportando residentes e cargas. Esta cidade é património mundial da Unesco, conhecida por preservar a sua cultura Swahili.
Segundo uma notícia avançada pelo The Guardian não existem carros, porém existem cerca de 3.000 burros na ilha, sendo os residentes fortemente dependentes dos animais para viver, e como meio de transporte nas ruas estreitas e sinuosas da cidade com 700 anos, uma das mais antigas da África Oriental.
Contudo, um número crescente de burros está a morrer devido ao plástico que ingerem e os cientistas receiam que muitos outros animais terrestres estejam também a ser afetados pela poluição humana por plástico.
Os animais estão a comer plástico que os levará à fome e à morte
Com pouca erva para pastar, os burros procuram comida entre os montes de garrafas de plástico, fraldas e restos de tecido depositados junto à estrada.
O dono de um burro bebé, fraco e desidratado, levou recentemente o animal para o Donkey Sanctuary, uma instituição de solidariedade social para com os animais. Quando os veterinários deram laxantes ao animal, encontraram 30 cm de plástico nas fezes.
Dr. Obadiah Sing'Oei, o veterinário responsável pelo Donkey Sanctuary.
O impacto da poluição plástica na vida marinha está amplamente documentado, mas sabe-se muito pouco sobre o seu efeito nos animais terrestres.
O impacto dos microplásticos na saúde animal
Num dos primeiros estudos sobre esta temática, investigadores da Universidade de Portsmouth e do Donkey Sanctuary estão a investigar os efeitos da poluição plástica nos animais no Quénia, centrando-se nos burros e noutros animais de criação.
Registam-se pelo menos três mortes de burros por mês, devido a cólicas causadas pela ingestão de lixo nas lixeiras, mas dizem que o número real é provavelmente mais elevado.
Dr. Obadiah Sing'Oei
O estudo do burro fará parte de um conjunto crescente de investigação sobre o que os resíduos de plástico estão a fazer aos animais em terra, para além dos efeitos mais conhecidos na vida marinha.
De acordo com a Dra. Leanne Proops, membro da iniciativa de investigação Revolution Plastics da Universidade de Portsmouth, em muitos países, os animais domésticos estão a pastar em lixeiras a céu aberto para encontrar comida.
Isto não só tem um efeito terrível na sua saúde e bem-estar, como também pode afetar os seres humanos que consomem a sua carne ou leite, que podem conter microplásticos.