Neurónios antigos podem ser regenerados e ajudar no tratamento de doenças degenerativas, afirma estudo

Cientistas descobriram como recuperar neurónios mais antigos, o que pode ajudar no desenvolvimento de tratamentos de lesões no cérebro e doenças neurodegenerativas.

neurónios
A regeneração de neurónios envelhecidos pode ajudar no tratamento de doenças neurodegenerativas.

Uma equipa de cientistas da Universidade Luís Maximiliano (LMU) de Munique, na Alemanha, descobriu um método para regenerar neurónios envelhecidos. A descoberta, que foi publicada recentemente na revista Nature Neuroscience, pode auxiliar no desenvolvimento de tratamentos de lesões no cérebro e doenças neurodegenerativas.

Acompanhe aqui connosco mais informações sobre este novo método.

Recuperar neurónios antigos

Os cientistas realizaram uma experiência com ratos-domésticos em laboratório, e descobriram um método por trás da transformação da função de uma célula em outra. Neste processo, chamado de 'reprogramação neuronal direta', as células não-neuronais do cérebro (também conhecidas como células gliais) são transformadas em neurónios funcionais.

Eles notaram pequenas modificações químicas que, durante este processo, ocorrem no epigenoma — conjunto de compostos químicos que se ligam ao ADN e regulam a atividade dos genes sem alterar a sequência do ADN em si.

E como funciona esta transformação em neurónios funcionais?

Os cientistas mostraram que um único fator de transcrição (proteínas que se ligam ao ADN para ativar ou reprimir a transcrição de genes específicos) pode controlar a ativação dos genes nas células.

A equipa utilizou novas técnicas para analisar o epigenoma (sistema que coreografa que genes estão ativos em diferentes células) e descobriu um regulador que foi chamado de YingYang. Este regulador equilibra o processo de conversão de astrócitos (um tipo de célula não-neuronal encontrada no sistema nervoso central) em neurónios.

Foi descoberto um regulador, chamado posteriormente de YingYang, que equilibra o processo de conversão de astrócitos (células não-neuronais) em neurónios.

E para alcançar este equilíbrio, o YingYang abre a cromatina (complexa estrutura formada pelo ADN e proteínas associadas, como as histonas, que ajudam a compactar o ADN dentro do núcleo da célula) e trabalha junto com o fator de transcrição, transformando assim a célula.

Importância deste estudo

A perda de neurónios pode levar a sérios problemas no funcionamento do cérebro, impossibilitando a realização de tarefas simples do nosso quotidiano. À medida que os neurónios morrem, fica mais difícil a comunicação e a conexão entre as células, e isto altera o funcionamento do cérebro, afetando a memória, a atenção, concentração, a linguagem e o pensamento.

A perda de neurónios pode ocorrer devido a vários fatores, como: envelhecimento do cérebro, doença de Alzheimer, stress e acumulação de proteínas anormais e inflamação cerebral.

Desta forma, os cientistas acreditam que este método tem um grande potencial para tratar distúrbios neurológicos que afetam o funcionamento cerebral, as habilidades e a vida quotidiana, apesar da sua complexidade e desafios.

Exercícios físicos ajudam na regeneração do cérebro

Praticar atividade física (correr, caminhar, pedalar, pular corda, etc.) ajuda na preservação da rede nervosa do cérebro e no aumento da função dos neurónios, além de melhorar o fluxo sanguíneo para as células cerebrais.

atividade física
A atividade física contribui para a preservação da rede nervosa do cérebro e para o aumento da função dos neurónios.

Além disso, há várias formas de estimular o nosso cérebro no dia-a-dia, para mantê-lo saudável e ativo. É importante inserir algumas destas dicas na sua rotina:

  • Leia livros;
  • Faça palavras-cruzadas;
  • Jogue jogos de tabuleiro;
  • Explore novas habilidades (jardinagem, cozinhar, tocar um instrumento, etc.);
  • Pratique novos idiomas;


Referência da notícia:

Pereira, A. et al. Direct neuronal reprogramming of mouse astrocytes is associated with multiscale epigenome remodeling and requires Yy1. Nature Neuroscience, v. 27, 2024.