Mais dados sobre os vulcões do Arco Vulcânico da Cascata podem ajudar a prevenir desastres
Cientistas advertem sobre a falta de dados nos vulcões do Arco Vulcânico da Cascata, abrangendo áreas do norte da Califórnia ao sul da Colúmbia Britânica. A revisão destaca a urgência em entender o armazenamento de magma.
Uma revisão científica recente alerta para a ausência de dados sobre alguns dos vulcões mais perigosos no Arco Vulcânico da Cascata, uma extensão que vai do norte da Califórnia ao sul da Colúmbia Britânica. O United States Geological Survey (USGS) classifica 11 destes vulcões, incluindo o Monte Baker e o Monte Hood, como “ameaça muito alta”, representa vários riscos significativos para pessoas e infraestruturas.
A carência de dados compromete a previsão de erupções e coloca comunidades em risco
A revisão, liderada por Penny E. Wieser e colegas, publicada na Geochemistry, Geophysics, Geosystems, destaca a carência de informações sobre o armazenamento do magma sob as Cascatas. Com a falta destes dados, a capacidade de compreender e prever futuras erupções torna-se muito desafiante.
Os cientistas dependem de dados sísmicos, leituras de tiltmeter e informações de satélites para identificar eventuais deformações do solo indiciantes da movimentação de magma. Contudo, a maioria das investigações concentra-se em vulcões já bem caracterizados, deixando uma lacuna significativa no entendimento de outros vulcões de ameaça muito elevada.
Um dos principais desafios encarados pelos cientistas é a limitação prática na obtenção de dados, atendendo a que o magma pode não se mover o suficiente para ser detetado, e o ruído de processos geológicos diversos pode minorar as evidências da localização do magma. Além disso, o terreno acidentado e as dificuldades na obtenção de licenças para instalar equipamentos de monitorização em áreas protegidas complicam ainda mais o estudo destes vulcões.
Os investigadores expressam uma preocupação particular em relação ao Mount Adams, localizado no sul de Washington, e ao Glacier Peak, um pouco ao norte de Adams. Ambos são considerados de “ameaça elevada”, mas a ausência de dados relevantes torna difícil avaliar adequadamente os riscos associados a estes vulcões. A situação é descrita como preocupante, destacando-se a necessidade urgente de mais investigações e monitorização nestas áreas.
Novas estações de monitorização revelam segredos do Monte Hood e podem proteger comunidades vulneráveis
Embora alguns vulcões, como o Monte Santa Helena, sejam relativamente bem caracterizados, há algumas observações relativamente à apresentação de mais dados para outros vulcões. Recentemente, foram instaladas estações de monitorização adicionais em redor do Monte Hood, proporcionando alguns resultados sobre a quantidade e a distribuição de magma abaixo dele. Os cientistas esperam que o trabalho desenvolvido ajude a orientar os esforços para compreender melhor os vulcões, ao identificar quais representam o maior risco e são os menos compreendidos.
A revisão destaca a necessidade de uma abordagem mais holística na investigação vulcânica, com foco na priorização dos vulcões mais perigosos. Ao entender melhor a atividade sísmica, deformações do solo e outros indicadores, os cientistas podem aprimorar a prevenção e a preparação para possíveis erupções futuras, reduzindo os riscos para as comunidades circundantes.
Note-se, pois, a existência de um apelo à ação, onde se ressalta a importância de investir em meios para a proteção das vidas e bens nas regiões vulneráveis ao longo do Arco Vulcânico da Cascata. A falta de compreensão completa destes vulcões reitera também para uma maior colaboração internacional para enfrentar este desafio complexo e mitigar os riscos associados às atividades vulcânicas na região.
Referência da notícia: Wieser, P. E., Kent, A. J. R., Till, C. B., & Abers, G. A. (2023). Geophysical and geochemical constraints on magma storage depths along the Cascade arc: Knowns and unknowns. Geochemistry, Geophysics, Geosystems, 24, e2023GC011025.