Lagarta do pinheiro: saiba o que é, que perigos comporta e o que pode fazer para prevenir e se proteger
A lagarta do pinheiro é a principal praga desfolhadora de pinheiros e cedros em Portugal, também considerada perigosa para humanos e animais. Saiba como identificar, prevenir, controlar e se proteger desta espécie.
A lagarta do pinheiro (Thaumetopoea pityocampa), também conhecida como processionária, é um inseto desfolhador muito comum em Portugal que pode parasitar pinheiros e cedros. Dá-se-lhe o nome de lagarta do pinheiro porque se alimenta das agulhas dos pinheiros e é lá que faz o seu ninho; e processionária pelo facto de formar longas procissões de lagartas que se dirigem das árvores para o solo.
As fêmeas adultas da processionária do pinheiro realizam as posturas nas “agulhas” dos pinheiros, depositando entre 120 e 300 ovos por postura, dos quais eclodem, passados 30 a 40 dias, as larvas.
Com um ciclo de vida de cerca de um ano, a lagarta do pinheiro começa por viver nas árvores, primeiro num ninho, como larvas, e depois num segundo ninho maior, composto por fios brancos sedosos que formam uma bola ou um tufo nas copas.
A procissão acontece no seu quinto estádio de evolução, no final do inverno/início da primavera, depois de abandonarem definitivamente o ninho, para procurarem um local no solo para se enterrarem e passarem ao estádio de crisálida, até se transformarem em borboletas e iniciarem um novo ciclo de vida.
Cobertura urticante constitui perigo para a saúde
É nesta fase que existe um maior contacto com pessoas e animais e, por isso, a lagarta do pinheiro constituiu um perigo para a saúde. Tudo porque as lagartas têm uma cobertura de pêlos irritantes ao longo do dorso que lhes confere proteção, ricos numa proteína urticante (taumatopeína), que induz reações alérgicas.
Os principais grupos de risco são as crianças e os animais, uma vez que, no ser humano, os seus pelos urticantes podem causar alergias cutâneas, e em situações mais graves, asfixia. Nos animais, provocam danos que se manifestam particularmente nas patas e na boca.
O contacto, direto ou por inalação, com os pelos da lagarta pode provocar uma reação alérgica cuja gravidade depende da intensidade da exposição e da sensibilidade individual. O efeito urticante dos pelos da lagarta do pinheiro manifesta-se na pele, nos olhos, nas mucosas nasais e nos pulmões.
Dadas as consequências que pode provocar na saúde pública, deve merecer uma vigilância constante e um combate atempado. O seu controle é muito importante em áreas habitacionais, parques públicos, áreas florestais, parques infantis, escolas e creches e áreas recreativas e de lazer.
Sempre que encontrar um ninho de lagarta do pinheiro, ou a sua presença em espaço público, deve contactar a autarquia da sua área de residência.
Medidas de prevenção e controle
Os pinheiros que se encontram em domínio privado são da responsabilidade do seu proprietário, devendo o mesmo assegurar o controlo e/ou a remoção da lagarta do pinheiro.
Durante os vários estádios da vida da processionária do pinheiro, podem ser adotadas diferentes abordagens de prevenção e controle desta praga, tais como:
- Antes do final da primavera, aconselha-se a colocação de armadilhas sexuais para captura das borboletas macho nos pinheiros atacados.
- No período do outono (meados de setembro/finais de outubro), nos primeiros estádios de desenvolvimento das lagartas, os tratamentos com inseticidas, efetuados com produtos autorizados, são eficazes.
- No inverno (de novembro até à descida dos ninhos), a destruição dos ninhos limita o desenvolvimento da praga.
- No período da primavera (meados de fevereiro/finais de maio), na altura das procissões, as lagartas podem ser intersetadas e destruídas antes que se enterrem no solo, por exemplo, com recurso a cintas adesivas, ou funis/garrafões colados às árvores, ou com a instalação de ninhos de chapins.
O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) recomenda que ao realizar qualquer dos tratamentos aconselhados, devidamente habilitados, deve usar luvas; proteger o pescoço; proteger os olhos, usando óculos apropriados; usar máscara de proteção no nariz e boca; seguir as normas de segurança de aplicação constantes nos rótulos de cada produto utilizado.
Em caso de contacto com a lagarta do pinheiro, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) recomenda a retirar o vestuário e tomar banho; lavar os olhos com água corrente durante cerca de 10 minutos, se estes tiverem sido atingidos; remover os pelos urticantes que possam ter ficado aderentes à pele (por exemplo, com um adesivo); aplicar um creme hidratante; procurar a ajuda de um médico, se os efeitos/reação alérgica forem intensos; contactar o CIAV – Centro de Informação Antivenenos (800 250 250).