La Niña no terceiro ano consecutivo? As consequências para o Globo
A Organização Meteorológica Mundial afirma que são elevadas as hipóteses do fenómeno climático La Niña regressar e persistir pelo terceiro ano consecutivo, em circunstâncias que são consideradas raras. Saiba mais aqui!
Nunca as temperaturas dos oceanos foram tão elevadas como em 2021. Estas são algumas das conclusões do novo relatório anual da Organização Meteorológica Mundial das Nações Unidas (OMM) sobre o estado do clima, apresentadas no inicio do ano de 2022.
O relatório lembra que os últimos sete anos foram os mais quentes na Terra e destaca também que os níveis de dióxido de carbono (CO2) e metano na atmosfera bateram recordes em 2021.
O planeta está a ter dificuldade em limitar o aquecimento global a 1,5 ºC acima da média pré-industrial. Prevê-se que, uma vez ultrapassada essa marca, os efeitos do aquecimento global se tornem drásticos.
As temperaturas foram ligeiramente mais baixas em 2021 do que em 2020, devido ao arrefecimento provocado pelo evento climático La Niña, um fenómeno natural oceanográfico que causa alterações abruptas nas temperaturas do ar e nos padrões de precipitação global.
O aquecimento dos oceanos
Os investigadores avaliaram o papel de diferentes variações naturais, tais como a fase de arrefecimento conhecida como La Niña, que afetam imenso as mudanças de temperatura regionais.
Segundo Lijing Cheng, as análises regionais mostram que o forte e significativo aquecimento dos oceanos desde o final dos anos 1950 ocorre em todo o lado, e que as ondas de calor marinhas regionais têm enormes impactos na vida marinha.
Lijing Cheng disse que o estudo também mostra que o padrão de aquecimento dos oceanos é o resultado de mudanças na composição atmosférica relacionadas com a atividade humana.
À medida que os oceanos aquecem, a água expande-se e o nível do mar sobe. Os oceanos mais quentes também sobrecarregam os sistemas climáticos, criando tempestades e furacões mais poderosos, bem como aumentando a precipitação e o risco de inundações.
La Niña: atualização prevê fenómeno até ao final de 2022
O fenómeno La Niña, que havia perdido força em fevereiro e março de 2022, voltou a intensificar-se entre o final de março e ao longo de todo o mês de abril, com o deslocamento de águas mais frias das camadas mais profundas do Oceano Pacífico em direção à superfície na faixa tropical.
Contudo, há divergências quanto ao seu prolongamento. Alguns modelos indicam que o La Niña deverá agir durante todo o inverno do Hemisfério Sul, outros indicam a possibilidade de se estender até ao final de 2022 e há, até mesmo, aqueles que preveem La Niña até ao início de 2023.
Tipicamente, o La Niña, que no arrefecimento das águas do Oceano Pacífico tropical por vários meses influencia a precipitação em várias regiões do Brasil, potencializa o excesso de chuvas nas regiões Norte e Nordeste, e aumenta o risco de seca ou de chuvas irregulares na Região Sul.