Jill Tarter: a pioneira na procura de inteligência extraterrestre

Contra as normas sexistas da época, Jill Tarter foi umas das primeiras alunas a estudar astronomia, seguindo assim o seu fascínio pelo espaço exterior. Fique aqui a saber mais sobre a sua história!

Jill Tarter
Em 1965, Jill Tarter era a única mulher de toda a sua turma. Jill passou a sua carreira à procura de sinais de vida no cosmos. Crédito da imagem: Bluedot.

“Estamos sozinhos no Universo?”, “Existe vida para além da Terra?”, “Existe vida inteligente noutros planetas?”.

Estas são perguntas que a humanidade tem vindo a fazer há muito tempo e, com os avanços científicos e tecnológicos registados a partir do século XIX sugeriam que a possibilidade de encontrar vida inteligente para além da Terra poderia ser plausível.

E a verdade é que houve uma pessoa que dedicou uma vida inteira a responder às questões acima colocadas, essa pessoa foi uma mulher, Jill Cornell Tarter.

Em última análise, todos nós pertencemos a uma única tribo, a dos terráqueos.
Jill Tarter.

Jill Tarter foi assim uma pioneira na Procura de Inteligência Extraterrestre, bem como a co-fundadora e diretora reformada do Instituto SETI.

Durante a sua longa carreira, ela impulsionou inovações tecnológicas para expandir a busca por sinais de uma civilização alienígena, um esforço que continua mais vigoroso do que nunca com a ajuda de computadores modernos e processamento de sinais.

O seu fascínio pelo espaço

Nasceu a 16 de janeiro de 1944 em Nova Iorque e desde muito cedo Tarter, encorajada pelo seu pai, fascinou-se pelo espaço exterior e pela possibilidade de vida extraterrestre.

Mesmo antes da morte do seu pai, quando tinha 12 anos, Jill tinha decidido que queria ser engenheira, e lutou contra as normas abertamente sexistas da época, incluindo ser forçada a ter aulas de economia doméstica antes de poder ter aulas de oficina no liceu.

A Universidade de Cornell oferecia uma bolsa de estudo aos descendentes do seu fundador, entre os quais se encontrava Jill Cornell Tarter mas, quando se candidatou, foi-lhe dito que a bolsa se estendia apenas aos descendentes do sexo masculino.

Depois de conseguir outra bolsa, da Procter & Gamble, tornou-se a única mulher numa turma de 300 estudantes de engenharia.

Formação em astronomia física

Jill Tarter licenciou-se em Cornell em 1966 com um mestrado em engenharia física.

Porém a engenharia tornou-se aborrecida e optou por se dedicar à ciência. Começou por entrar no programa de pós-graduação em física teórica em Cornell e depois mudou-se para a Universidade da Califórnia em Berkeley para fazer um mestrado (1971) e mais tarde um doutoramento em astronomia.

Haviam três estudantes do sexo feminino no departamento e o chefe do departamento de astronomia informou-as de que só tinham sido admitidas, porque “todos os homens inteligentes” tinham sido enviados para o Vietname para servir na guerra.

Juntou-se ao Instituto SETI em 1983, ajudou a redigir a carta de fundação do instituto e, alguns anos mais tarde, tornou-se cientista de projeto no primeiro projeto SETI financiado pelo governo. Trabalhou nesse projeto até o seu financiamento terminar em 1993.

Tarter continuou a dirigir os esforços de investigação SETI no instituto e desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento do Allen Telescope Array (ATA), que opera no norte da Califórnia. O ATA é composto por 42 telescópios e é o primeiro observatório de rádio dedicado especificamente à investigação SETI. Cobre uma gama mais vasta de frequências do que o Projeto Phoenix e pode observar mais estrelas.

Visão para mudar o mundo

Jill Tarter reformou-se em 2012, após 35 anos de trabalho a analisar o Universo e a procurar sinais de inteligência extraterrestre.

Astrónoma
Jill Tarter gostava de fazer coisas como acampar, pescar e trabalhar com ferramentas, identificando-se mais como um filho do que uma filha. Crédito: SETI Institute.

Recebeu muitos prémios ao longo da sua carreira, como o prémio TED (Technology, Education, Design) em 2009, que premeia pessoas com uma visão para mudar o mundo, ou o Lifetime Achievement Award da Women in Aerospace (1989).

A revista Time considerou-a uma das 100 pessoas mais influentes do mundo na sua famosa lista de 2004 e uma das 25 pessoas mais influentes no espaço em 2012. Até o asteroide 74824 Tarter (199TJ16) tem o seu nome.

Nos últimos anos, tem-se concentrado na educação e divulgação científica.