Investigação sobre as origens da vida na Terra curiosamente inspirada nos Pokémon
Uma nova investigação sobre as condições em que a vida se originou na Terra foi inspirada por algo bastante invulgar - a paixão por Pokémon!

A origem da vida na Terra é uma questão que intriga os cientistas há anos; temos algumas peças, mas não todas, e encontrar as peças restantes é de imenso interesse. Um investigador da ETH Zurich desenvolveu uma forma inovadora de tentar recriar as condições exatas em que a vida começou, inspirado pelo seu país natal e pela sua paixão por monstros de bolso.
#pokeOTD 8 years ago (JP), On route to Anistar City, Ash and his friends decide to rent two Mamoswine to help them get across the icy mountains of Route 17. Something brought straight from the games, which I always think is cool. #anipoke #pokemon pic.twitter.com/mCoBN7UxiQ
— Luap (@LuapXDD) July 29, 2023
O interesse de Craig Walton pela geologia foi inspirado pela paisagem acidentada da Escócia, que desempenhou um papel importante em muitas descobertas geológicas significativas, e pelo Pokémon: "Os jogos anteriores envolviam frequentemente rochas e a forma como a vida e a geologia estão ligadas. Esta ideia está presente em toda a minha investigação", afirma Walton.
Acrescentar ao puzzle
A investigação em ciências da Terra e planetárias oferece pistas sobre o ambiente que existia na Terra há mais de quatro mil milhões de anos, diz Walton, que está a trabalhar com a rede interdisciplinar do Centro para a Origem e Prevalência da Vida (COPL) para investigar as condições necessárias para a evolução da vida na Terra. "Ao trabalhar em estreita colaboração com investigadores de outras disciplinas que também estão a investigar a origem da vida, podemos acrescentar mais peças ao puzzle", afirma Walton.
"Se conseguirmos reproduzir as condições geológicas que prevaleciam na Terra antes do aparecimento da vida, poderemos descobrir como é que a vida se originou e como é que pôde continuar", explica. "Para explorar esta possibilidade, quero construir paisagens planetárias em miniatura dentro de frascos de vidro".
Walton está a realizar a sua investigação no laboratório da Professora Maria Schönbächler, no Instituto de Geoquímica e Petrologia, através de um programa de bolsas entre a ETH e a Fundação NOMIS. Irá estudar amostras cruciais - micrometeoritos e poeira cósmica - obtidas por Schönbächler durante uma expedição na Antártida.
Walton suspeita que estes materiais extraterrestres desempenharam um papel na formação da vida: "A poeira cósmica está em todo o lado - haverá alguma no telhado da sua casa, neste preciso momento!", afirma. "Provavelmente acumulou-se em certos locais da Terra primitiva. Crucialmente, a poeira cósmica é composta pelos elementos necessários à vida e, devido à sua forma química instável, pode ter-se decomposto facilmente, oferecendo uma espécie de 'almoço grátis' para a primeira vida".

Mas isso não foi suficiente para dar início à vida; há mais peças do puzzle que continuam por resolver, e Walton pretende encontrá-las: "Não estou apenas interessado em saber como é que a química da vida começou, mas também em saber como é que ela foi capaz de continuar", explica.
"O meu palpite é que apenas alguns ambientes poderiam ter suportado o grande apetite da vida emergente. A vida teria então de aprender rapidamente a ser eficiente com os recursos disponíveis, uma vez que as reservas iniciais de 'comida' de fácil acesso começaram a esgotar-se", continua. "Por outras palavras, aprendeu a reciclar! Os micróbios descobriram a melhor forma de utilizar recursos limitados há milhares de milhões de anos - talvez as civilizações humanas devessem seguir o seu exemplo".
Embora a investigação não vá resolver o enigma da vida nos próximos quatro anos, Walton espera descobrir algo novo e excitante e oferecer novas perspetivas sobre a Terra e a vida noutros planetas. Não exclui a possibilidade de a vida existir ou ter existido no espaço exterior, mas pensa que é possível que a história da vida na Terra seja única. "Penso que a hipótese de encontrarmos vida inteligente é pequena. Os extraterrestres podem, de facto, ser verdes; mas parecem-se com micróbios, em vez de humanos!", diz.