Incrível! Descobertos na Lua locais potencialmente habitáveis por humanos
Futuros exploradores e habitantes em bases humanas na Lua poderão potencialmente viver e trabalhar em fossas e cavernas lunares. Mas como será isto possível no satélite natural da Terra, conhecido por um calor que ferve e um frio glacial? Saiba mais aqui!
Futuros exploradores humanos na Lua poderão vir a ter “mil e um problemas”, mas manterem-se quentes ou frios não será um problema. Locais sombrios no interior de fossas lunares foram descobertos por uma equipa de cientistas planetários da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA). Estes apresentam temperaturas a rondar sempre uns confortáveis 17,2 ºC.
E se é verdade que as temperaturas na superfície lunar oscilam descontroladamente entre o calor que ferve e o frio glacial, considera-se agora que é possível que as fossas e possíveis cavernas subsequentes tornariam mais seguros e mais estáveis termicamente os campos de base para exploração lunar e habitação a longo prazo em relação ao resto da superfície da Lua - que aquece até 126 ºC durante o dia e desce para -173 ºC à noite.
Superfície da Lua é inóspita, serão as fossas a solução para futuros exploradores humanos?
As fossas foram descobertas pela primeira vez na Lua em 2009, e desde então, os cientistas têm-se perguntado se as cavernas daí decorrentes poderiam ser exploradas/utilizadas como abrigos. Esta nova investigação considera que provavelmente 16 das mais de 200 fossas são tubos de lava colapsados.
Dois dos fossos mais proeminentes têm saliências visíveis que levam claramente a algum tipo de caverna, e existem fortes indícios de que a saliência de outro pode também levar a uma grande caverna. Tubos de lava, também encontrados na Terra, formam-se quando a lava derretida corre sob um campo de lava refrigerada ou uma crosta se forma sobre um rio de lava, deixando um túnel longo e oco.
Se o tecto de um tubo de lava solidificada colapsar, abre uma fossa que pode levar ao resto do tubo cavernoso. Tyler Horvath, estudante de Doutoramente e líder deste estudo, processou imagens do Experimento de Radiómetro Lunar Diviner (Diviner) – câmara térmica que faz parte dos seis instrumentos no Orbitador de Reconhecimento Lunar (LRO) robótico da NASA - para descobrir se a temperatura dentro das fossas divergia da temperatura à superfície.
Focando numa depressão cilíndrica com cerca de 100 metros de profundidade com o comprimento e largura de um campo de futebol americano numa área da Lua conhecida como o Mare Tranquillitatis, Horvath e os seus colegas utilizaram modelação computorizada para analisar as propriedades térmicas da rocha e da poeira lunar, traçando as temperaturas da fossa durante um período de tempo.
Temperatura constante de 17 ºC nas fossas lunares, com poucas flutuações diárias
Os resultados, recentemente publicados na revista Geophysical Research Letters, revelaram que as temperaturas dentro dos limites permanentemente sombreados da fossa flutuavam muito ligeiramente ao longo do dia lunar, permanecendo a cerca de 17 ºC.
Se uma caverna realmente se estender desde o fundo de uma fossa, tal como as imagens tiradas pela Câmara do LRO da NASA sugerem, também esta teria uma temperatura relativamente confortável.
Será transponível a barreira da habitação e exploração lunar?
Em primeiro lugar, para que haja humanos na Lua, as bases que aí fiquem estabelecidas teriam de ser capazes de proteger tanto as pessoas, como os equipamentos, dos efeitos nocivos do calor e do frio. Isto porque um dia lunar dura quase 15 terrestres, durante os quais a superfície é constantemente bombardeada pela luz solar e é frequentemente suficientemente quente para ferver água. Noites inacreditavelmente frias também duram cerca de 15 dias terrestres.
Assim, inventar equipamento de aquecimento e arrefecimento que consiga funcionar nestas condições e produzir energia suficiente para o alimentar ininterruptamente, poderia revelar-se uma barreira intransponível para a exploração ou habitação lunar. Além disso, a energia solar - a forma mais comum de geração de energia da NASA - não funciona à noite. Refira-se que tampouco existem planos atualmente da Agência Espacial Norte-Americana para estabelecer um campo de exploração/habitações na Lua.
Mas isto poderia potencialmente mudar, como?
Voltemos à questão das fossas e cavernas lunares. A equipa de cientistas acredita que a saliência provocada pela sombra é responsável pela temperatura constante, limitando o calor durante o dia e impedindo que o calor se irradie durante a noite. Entretanto, a parte do solo do fosso “assado” pelo Sol atinge temperaturas diurnas próximas dos 149 ºC!
A construção de bases nas áreas sombreadas destas fossas permitiria aos cientistas concentrarem-se noutros desafios, tais como o cultivo de alimentos, fornecimento de oxigénio aos astronautas, reunião de recursos para experiências e expansão da base. As fossas e cavernas também ofereceriam alguma proteção contra raios cósmicos, radiação solar e micrometeoritos.
A importância da Diviner
A Diviner tem vindo a cartografar a Lua continuamente desde 2009, produzindo o segundo maior conjunto de dados planetários da NASA e fornecendo as medições térmicas mais detalhadas e abrangentes de qualquer objeto do nosso Sistema Solar, incluindo a Terra. O trabalho atual da equipa em fossas lunares melhorou os dados do Experimento da Diviner.
Os cientistas trabalharam para alinhar as muitas imagens tiradas pelo instrumento até obterem uma leitura térmica precisa até ao nível de 1 único pixel. Este processo produziu mapas da superfície lunar com uma resolução muito superior.
A missão Moon Diver da NASA irá usar estes mapas e dados com o objetivo de investigar, na fossa Tranquillitatis, as camadas de fluxos de lava vistas nas suas paredes e explorar qualquer caverna existente.