Incêndios florestais violentos, um acontecimento cada vez mais comum
Os incêndios rurais são cada vez mais violentos e cada vez mais comuns, algo que está diretamente associado com as mudanças climáticas. Como se processa e de que forma a população se pode preparar para este fenómeno? Fique a saber mais sobre este assunto, connosco!
Um novo estudo, conduzido por investigadores norte-americanos indica que os incêndios florestais mais violentos algumas vez registados aconteceram na última década e a tendência não será animadora. O clima extremo associado aos incêndios está a ser cada vez mais impulsionado por uma clara diminuição dos valores de humidade atmosférica, associada ao aumento do valor médio das temperaturas.
Segundo Michael Flannigan, Piyush Jain e Sean Coogan, os investigadores responsáveis por este estudo, certas “condições extremas impulsionam a atividade de incêndios no mundo.”. Esta abordagem não atribui tanta preponderância à frequência destes eventos, mas sim à sua intensidade já que, por exemplo, no Canadá, apenas 3% dos incêndios registados são responsáveis por cerca de 97% da área ardida.
Estes dados foram obtidos através de um programa personalizado de recolha de dados atmosféricos, terrestres e oceânicos do European Centre for Medium-Range Weather Forecasts (ECMWF), o ERA5.
O estudo focou-se num período temporal entre os anos de 1979 e 2020 para compreender que os aumentos das temperaturas verificados em certas áreas do globo, em conjugação com a diminuição da humidade aumentam a probabilidade da ocorrência de incêndios violentos, mas acima de tudo, estimulam a sua intensidade e a sua ocorrência em locais que se consideram menos habituais.
Consequências práticas
Um dos cientistas responsáveis por este estudo, Michael Flannigan, afirmou que nos últimos 40 anos muitas regiões em redor do globo experimentaram um aumento significativo das condições climáticas extremas, especialmente nos últimos 20 anos. Destas condições pode-se salientar, para além das vagas de calor (associadas aos incêndios rurais e florestais), por exemplo, as vagas de frio e os fenómenos de precipitação intensa.
No que toca às temperaturas elevadas e aos consequentes incêndios, é de salientar que na Columbia Britânica, província do Oeste do Canadá, três das últimas cinco temporadas de incêndios foram precisamente as três piores alguma vez registadas. Entre 2016 e 2021, as temporadas de 2017, 2018 e de 2021 foram extremamente intensas e foram igualmente sinónimo de grande destruição e grandes prejuízos económicos.
Para além dos próprios incêndios florestais é importante saber lidar com as consequências dos mesmos. Mais e maiores incêndios vão ter mais e maiores consequências. É sabido que, no período invernal que se segue a uma temporada de incêndios são comuns as inundações provocadas pela falta de vegetação e pela impermeabilização dos solos causada pelas cinzas.
Associados a períodos de precipitação intensa, para além das inundações surgem os movimentos de vertente e os deslizamentos de terras, com todos os prejuízos inerentes a nível humano, infraestrutural e económico.
É importante sensibilizar a população para os resultados deste tipo de estudos pois, mesmo que subitamente o mundo deixasse de emitir gases com efeito de estufa, a ameaça aqui descrita continuaria a pairar durante largas dezenas de anos. Uma população informada é uma população protegida.