Estão a ser testados implantes cerebrais para ajudar a tratar a doença de Parkinson

A doença de Parkinson é uma doença progressiva que piora com a idade e não tem cura. Enquanto os medicamentos perdem eficácia com o tempo, um implante espera interromper a sua progressão no futuro.

implante cerebral
Imagem representativa de um neurónio. Crédito: Pixabay.

Investigadores do Departamento de Engenharia da Universidade de Cambridge estão a testar um novo tipo de implante cerebral para ajudar a tratar a doença de Parkinson. O implante, feito de pequenos aglomerados de células cerebrais chamados miniorganoides, será testado primeiro em modelos animais com a doença, de acordo com um comunicado à imprensa.

A doença de Parkinson é um distúrbio de movimento do sistema nervoso que piora progressivamente. Esta ocorre quando as células cerebrais que produzem dopamina, uma substância química necessária para controlar o movimento, são danificadas ou morrem. Isso causa sintomas físicos como tremores, rigidez e movimentos, além de falta de equilíbrio.

Embora não haja cura para a doença, medicamentos dopaminérgicos estão disponíveis para aliviar os sintomas. Esses medicamentos funcionam bem no início, mas também apresentam efeitos colaterais sérios ao longo do tempo.

Só no Reino Unido, estima-se que haja 130.000 pessoas a viver com a doença de Parkinson e que a mesma custa às famílias uma média de 16 mil euros por ano. Como o número de pacientes afetados por esta doença tende a aumentar, são necessários tratamentos mais atuais e mais económicos.

Implantes cerebrais

Uma equipa de investigação liderada por George Malliaras, professor de tecnologia na Universidade de Cambridge, e Roger Barker, professor de neurociência na Universidade de Oxford, está a trabalhar numa abordagem de tratamento que envolve o uso de mini organoides como implantes cerebrais.

“Até ao momento, houve pouco investimento em metodologias que interagem com precisão com o cérebro humano, além de abordagens de ‘força bruta’ ou implantes altamente invasivos" - disse Jacques Carolan, Diretor do Programa da Agência de Pesquisa Avançada e Invenção (ARIA).

O método que os cientistas estão a usar envolve a substituição de células cerebrais mortas ou danificadas por novas que podem produzir dopamina. No entanto, para resolver o problema, essas células implantadas precisam de estar devidamente conectadas à rede cerebral.

Como é que isto será feito?

Malliaras e sua equipa estão a trabalhar para primeiro colocar esses organoides em modelos animais com doença de Parkinson. Usando materiais avançados e estimulação elétrica, a equipa tentará conectar células cerebrais entre si e restaurar vias danificadas.

"O nosso objetivo final é criar terapias cerebrais precisas que possam restaurar a função cerebral normal em pessoas com Parkinson" - disse Malliaras no comunicado à imprensa.

O projeto de Malliaras é um dos 18 projetos financiados pelo ARIA no seu Programa de Nanotecnologias de Precisão.

Outros projetos notáveis incluem um do Imperial College London que se baseia em tecnologia híbrida para projetar neurónios com componentes bioeletrónicos, enquanto uma startup sediada em Londres está em busca de desenvolver terapias genéticas que cruzem a barreira hematoencefálica para tratamentos mais eficazes e duradouros.