Governo do Reino Unido lança uma Estratégia Nacional para a resiliência ao calor, após fenómenos extremos
Um novo inquérito parlamentar encabeçado por investigadores da Universidade de Oxford propôs ao governo do Reino Unido a introdução de uma estratégia nacional de resiliência ao calor para preparar o país para os impactes generalizados do aquecimento global.
Em fevereiro de 2023, a Environmental Audit Committee (EAC) convidou académicos notáveis a apresentarem ideias para o desenvolvimento de uma investigação, orientada para o médio e longo prazo, aos membros do painel.
A proposta vencedora adveio de académicos da Universidade de Oxford, liderados pela Professora Associada Radhika Khosla e pela Dra. Nicole Miranda, com base nas investigações integradas no The Oxford Martin School: Future of Cooling. Neste domínio, destacaram o que viram como um ponto pouco analisado na política governativa no domínio da resiliência e da capacidade de arrefecimento diante dos crescentes episódios de calor extremo no Reino Unido.
Relatório sobre resiliência ao calor no Reino Unido: várias recomendações apoiadas em especialistas e instituições relevantes
Depois da proposta escolhida, as autoras desta investigação envolveram-se como consultoras especialistas durante o inquérito realizado, o que contribuiu para redirecionar o enfoque das políticas e inspeccionar parte das evidências identificadas anteriormente. O relatório final, publicado esta semana, recomenda várias ações urgentes ao nível governamental e são apoiadas por diversas instituições como o Met Office; a UK Health Security Agency (UKHSA); a International Energy Agency (IEA); o Royal Institute of British Architects (RIBA) e a Local Government Association (LGA).
De uma forma geral, o relatório destaca a necessidade de uma orientação mais holística na resiliência ao calor no Reino Unido para coordenar a resposta a temperaturas mais altas, onde se associam as ondas de calor cada vez mais frequentes e severas.
Aliás, tais exacerbações vão de encontro a estudos anteriores das autores do relatório, onde destacam o facto do Reino Unido ser um dos países com maior risco de ser afetado por aumentos significativos em temperatura, com dias muito quentes e de grande desconforto térmico, e onde as comunidades locais não estão “perigosamente preparadas”.
Desafios críticos do aquecimento global e níveis de atuação mais abrangentes
Este relatório do EAC destaca os desafios muito sérios que o aumento do calor apresenta para a saúde, bem-estar e produtividade, onde se incluem:
- O aumento do risco de vetores de doença ou morte por desidratação e insolação;
- A maior procura por equipamentos de arrefecimento, que poderão originar apagões energéticos nos horários de pico;
- A exacerbação das condições extremas existentes e a privação de sono, originando a redução da produtividade;
- Os impactes severos sobre as residências que não estão preparadas para lidar com o calor excessivo e encontram-se em risco de sobreaquecimento.
O relatório delineia várias recomendações a serem adotadas como parte de uma estratégia nacional na resiliência ao calor, onde se efetivam entre outras as seguintes, que podem ser relevantes para outros países como Portugal:
Não se pode esquecer que este relatório é fruto das ambições de responder aos efeitos das alterações climáticas, após terem sido lançadas projeções que apontam para 10000 mortes relacionadas, direta ou indiretamente, com o calor no Reino Unido anualmente e perdas que ascendem os 60 mil milhões de dólares anuais.
Referência da notícia:EAC (2024). Heat resilience and Sustainable cooling - Fifth Report of Session 2023-24. Londres: House of Commons, Environmental Audit Committee. https://committees.parliament.uk/publications/43103/documents/214494/default/