Fator Antártico: risco do aumento do nível do mar
O aumento do nível do mar devido ao degelo na Antártida pode tornar-se um grande risco para a proteção costeira, mesmo a curto prazo, segundo os cientistas. Contamos-lhe mais detalhes aqui!
Já neste século, devido apenas à Antártida, o nível do mar pode subir até três vezes mais do que no século passado. Esta é a conclusão de uma comparação abrangente de modelos de ponta, por todo o mundo.
“O 'fator antártico' acaba por ser o maior risco e também a maior incerteza para o nível do mar a nível global”, diz o principal autor Anders Levermann, do Instituto Potsdam de Investigação dos Impactos Climáticos (PIK) e da Universidade de Columbia, em Nova Iorque. “Enquanto observamos um aumento de cerca de 19 centímetros no nível do mar, nos últimos 100 anos, o degelo na Antártida pode levar a 58 centímetros, até ao final deste século".
Uma grande variedade de estimativas torna os resultados rigorosos
A série de cálculos sobre o aumento do nível do mar a partir do "Fator Antártico", fornecida pelos cientistas, é bastante elevada. Se a emissão de gases com efeito de estufa for reduzida rapidamente, o aumento previsto é de 4 a 37 centímetros. Caso a emissão permaneça ao nível atual, o risco aumenta para 58 centímetros, no máximo.
Dezasseis grupos de modelagem de placas de gelo, compostos por 36 investigadores, de 27 institutos, contribuíram para o novo estudo coordenado pelo PIK. Um estudo semelhante levado a cabo há seis anos atrás, teve como base a produção de apenas cinco modelos para os mantos de gelo. Este desenvolvimento reflete a crescente importância da investigação na camada de gelo da Antártida.
Riscos para as metrópoles costeiras de Nova York a Mumbai e de Hamburgo a Xangai
“Quantos mais modelos de simulação por computador usarmos, todos com representações dinâmicas diferentes da camada de gelo da Antártida, maior será a variedade de resultados que produzimos.”, diz a co-autora Sophie Nowicki, do Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA e principal autora do Painel Intergovernamental das Alterações Climáticas, que liderou o projeto de intercomparação de modelos de mantos de gelo, ISMIP6.
A longo prazo, a camada de gelo da Antártida tem a capacidade para aumentar o nível do mar em dezenas de metros. "O que sabemos com certeza", diz Levermann, "é que se não interrompermos a queima de combustíveis fósseis, os riscos aumentarão nas metrópoles costeiras de Nova Iorque a Mumbai e de Hamburgo a Xangai".