Famoso Great Salt Lake é uma fonte massiva de emissão de gases com efeito de estufa, alertam os cientistas
O famoso lago salgado em Utah, EUA, não está apenas a secar; está a libertar significativamente gases com efeito de estufa na atmosfera, aquecendo o planeta, alertam cientistas num novo estudo.
O famoso Great Salt Lake é um lago salgado localizado no norte do estado americano de Utah, cuja característica principal é uma salinidade elevada, maior que a dos oceanos, e tem uma área de cerca de 4400 km².
E um estudo recente publicado na revista One Earth sugere que é uma fonte substancial de gases com efeito de estufa (GEEs), contribuindo para o aquecimento do planeta.
Great Salt Lake como fonte de emissão de GEEs
O lago tem vindo a passar por uma diminuição gradual na sua extensão nos últimos anos, isto é, está a secar, devido ao uso excessivo da sua água à medida que a população aumenta e às secas que atingem a região.
"A dessecação do Great Salt Lake causada pelo Homem está a expor enormes áreas do leito do lago e a libertar enormes quantidades de gases com efeito de estufa na atmosfera", disse Soren Brothers, coautor do estudo, num comunicado.
Os investigadores descobriram que o leito seco do lago emite grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera, além de metano, em comparação com a quantidade libertada pela água do leito quando este está cheio.
De acordo com o estudo, 4,1 milhões de toneladas de GEEs foram emitidos pelo leito seco do Great Salt Lake somente em 2020, das quais 94% eram de CO2. No geral, os autores descobriram que a secagem do lago provocou um aumento de 7% nas emissões de GEEs causadas pelo Homem em todo o estado de Utah.
"O que o nosso estudo mostra é que as emissões de dióxido de carbono das águas do Great Salt Lake são provavelmente muito baixas, enquanto as emissões do leito seco do lago são muito altas, especialmente nos meses de verão", explicou Brothers.
Fator contribuinte para as emissões de GEEs do lago
Os investigadores também observaram que as emissões de GEEs estavam fortemente relacionadas com o aumento das temperaturas do ar na região. E se as temperaturas continuarem a subir num mundo em aquecimento, isto causará um ciclo de feedback positivo com cada vez mais CO2 e outros gases a serem libertados na atmosfera.
E o estudo finaliza ao mostrar que o lago nos seus primórdios provavelmente não era uma fonte de GEEs, mas agora o seu leito seco tornou-se um novo impulsionador do aquecimento atmosférico.
"A melhor e talvez única maneira de evitar que este dióxido de carbono seja libertado é garantir que o Great Salt Lake permaneça húmido. No oeste dos Estados Unidos há várias soluções propostas para este objetivo, incluindo mercados de água, mas as leis ocidentais desatualizadas sobre a água são parte do problema", disse Brothers.
Referência da notícia:
Cobo, M.; Goldhammer, T.; Brothers, S. A desiccating saline lake bed is a significant source of anthropogenic greenhouse gas emissions. One Earth, 2024.