Evidências na costa de Los Angeles. Um cemitério de baleias foi descoberto no fundo do mar
Cientistas da Scripps Institution of Oceanography descobriram um cemitério de baleias com mais de 60 esqueletos durante um mapeamento do fundo do mar na costa de Los Angeles. Saiba mais aqui!
Os cientistas fizeram evidências inesperadas durante um mapeamento do fundo do mar na costa de Los Angeles. Inicialmente começou como uma missão para avaliar o lixo espalhado pelo fundo do oceano e transformou-se numa evidência surpreendente: um cemitério de baleias.
Mais de 60 esqueletos de baleias descobertos em investigação inédita
Liderada por Eric Terrill e Sophia Merrifield, ambos oceanógrafos da Scripps Institution of Oceanography da Universidade da Califórnia em San Diego, a investigação realizada em 2021 e 2023 revelou a presença de dezenas de esqueletos de baleias. Foram identificadas sete baleias confirmadas e estimativas apontam para a existência de mais de 60 esqueletos espalhados pelas profundezas escuras. Este fenómeno é conhecido como a “queda de baleia” e representa um oásis biológico no fundo do mar empobrecido.
A área mapeada, com 350 km2 e localizada a aproximadamente 24 km da costa, entre a Bacia de San Pedro e parte da Bacia de Santa Monica, foi utilizada como depósito industrial no início e meados do Século XX. Grande parte do lixo encontrado consistia em barris que continham o pesticida proibido DDT e os subprodutos tóxicos.
Antes deste estudo, apenas 50 “quedas de baleia” haviam sido identificadas em todos os oceanos do mundo desde 1977, quando um navio militar de alto mar avistou o primeiro exemplar perto da Ilha Santa Catalina. Quando estes grandes mamíferos marinhos morrem e afundam, os restos tornam-se oásis biológicos, fornecendo alimento e até mesmo habitat para uma ampla variedade de criaturas, como micróbios, mexilhões, amêijoas, vermes, nematódeos, caranguejos e membros da família das águas-vivas.
De acordo com Greg Rouse, biólogo marinho da Scripps Institution of Oceanography, auxiliou nas investigações, os restos pertencem a baleias-cinzentas, azuis, jubartes ou cachalotes.
Falta de oxigénio, correntes marítimas e rotas de navegação contribuem para acumulação inusitada de esqueletos
Existem algumas explicações possíveis para a concentração incomum de baleias nesta região.
Outro fator que provavelmente contribuiu para o número de esqueletos encontrados é a falta de oxigénio na água. As bacias profundas mergulham a 800 metros e são cercadas por limites que dificultam a mistura com águas mais oxigenadas. As zonas pobres em oxigénio verificam-se onde os processos microbianos e biológicos degradam os ossos das baleias de modo muito lento”, explica Smith.
Os investigadores também consideram a ausência de rios que desaguam no oceano como um fator relevante. Tal significa que há menos sedimentos para cobrir objetos submersos, possibilitando a visualização dos esqueletos por um período mais extenso.
Embora seja improvável que o lixo tóxico e as armas despejadas na área tenham causado a morte das baleias, a região é altamente movimentada por navios, aumentando a possibilidade de colisões fatais. Os dois portos mais movimentados dos Estados Unidos, isto é, Los Angeles e Long Beach, estão localizados a nordeste da área de estudo, com rotas de navegação a estender-se por toda a região.
Além disso, milhares de baleias cinzentas migram por ali todos os anos, e as baleias azuis alimentam-se regularmente na área, afirma John Calambokidis, biólogo marinho da Cascadia Research Collective, uma organização sem fins lucrativos sediada no Estado de Washington.
Os investigadores da Scripps Institution of Oceanography planeiam regressar com um veículo operado remotamente para recolher mais fotos e vídeos das “quedas de baleias”. Isto ajudá-los-á a confirmar as espécies das baleias mortas e potencialmente até mesmo revelar sinais de traumas causados por colisões com navios.