Estudos comprovam alastramento de vírus entre animais e pessoas
Estudo internacional apresenta tendências de crescimento históricas de alastramento de epidemias zoonóticas como consequência das alterações climáticas. Descubra mais sobre estas epidemias aqui!
Segundo um estudo publicado na BMJ Global Health, as epidemias zoonóticas contemporâneas, como é o caso da COVID, que apresentou um impacto devastador sobre a saúde humana, trouxe à comunidade científica a necessidade de compreender melhor as suas tendências e padrões de propagação.
Os cientistas preveem que o alastramento, assim como o aumento da frequência das epidemias aumente em consequência das alterações climáticas e ambientais provocadas pelo Homem.
Contudo, de acordo com o artigo é difícil definir a magnitude das suas implicações para a saúde global no futuro, uma vez que os dados empíricos sobre a frequência do alastramento zoonótico e a sua variabilidade ao longo do tempo são limitados.
O impacto devastador das epidemias zoonóticas contemporâneas
Como base desta investigação, foram utilizados dados de mais de 3150 surtos e epidemias, ocorridas entre 1963 e 2019, de uma extensa base de dados para analisar eventos de propagação zoonótica de consequências elevadas, determinando assim as tendências na frequência anual e na gravidade dos surtos.
Foram incluídos neste estudo vírus que causaram um total de 50 ou mais mortes humanas, ou seja, os filovírus epidémicos como a Ébola e o Marburgo, o SARS Coronavírus 1, o vírus Nipah e o vírus Machupo.
Como a pandemia de COVID-19 estava em curso no momento da análise, foi excluído da análise de tendências. Uma vez que o número de mortos da pandemia de COVID-19 é superior ao dos outros pontos de dados, é provável que tivesse influenciado a análise. Ao omitir este ponto de dados da análise, os cientistas podem mostrar uma tendência crescente significativa antes da sua ocorrência.
Tendências de doenças infeciosas
Como resultado desta análise, os investigadores verificaram que o número de surtos e mortes causados pelo SARS Coronavírus 1, Filovírus, vírus Machupo e vírus Nipah têm vindo a aumentar a uma taxa exponencial de 1963 a 2019.
Esta conclusão corrobora outros estudos que encontraram aumentos significativos na frequência de surtos de doenças infeciosas emergentes e sugere ainda que os surtos estão a tornar-se cada vez mais graves.
Se a tendência que se observa neste estudo se mantiver, espera-se que estes agentes patogénicos causem quatro vezes o número de eventos de alastramento e 12 vezes o número de mortes em 2050, em comparação com 2020.
A continuação desta tendência representaria um aumento do risco global de doenças infeciosas e dos encargos em termos de perdas para a saúde humana e os meios de subsistência.
No entanto, podem ser tomadas medidas para interromper esta tendência, nomeadamente através da mobilização de esforços a nível mundial para melhorar a capacidade de prevenção e contenção dos surtos.
As propostas recentes têm variado muito, desde o estabelecimento de sistemas de financiamento do risco de catástrofes para financiar medidas de resposta, a criação de um painel intergovernamental sobre o risco de pandemia para quantificar, acompanhar e avaliar o risco ao longo do tempo e o avanço da tecnologia e das infraestruturas necessárias para detetar e responder a ameaças à saúde pública.
No entanto, algumas destas propostas foram implementadas com êxito em resposta à COVID-19, como o rápido desenvolvimento de vacinas, a implementação de uma vigilância focalizada nas escolas e universidades e a vigilância genómica para detetar variantes emergentes demonstraram um enorme valor na melhoria da resiliência às ameaças à saúde pública.