Estudo sugere que a IA poderá em breve ajudar a reduzir o caos nas salas de emergência
Um estudo sugere que a IA poderá em breve ajudar a reduzir o caos nas salas de emergência.
Os serviços de urgência em todo o mundo estão a rebentar pelas costuras, lidando com a pressão de salas sobrelotadas.
No entanto, uma investigação da Universidade da Califórnia, em São Francisco (UCSF), sugere que o alívio poderá em breve vir de um aliado inesperado: a inteligência artificial (IA).
Segundo um estudo conduzido pela UCSF, a IA poderia ajudar a melhorar significativamente a forma como os pacientes têm prioridade nas salas de emergência. Esta tecnologia, segundo os investigadores, poderia igualar, ou mesmo ultrapassar ligeiramente, a capacidade de um médico para determinar quais os pacientes que necessitam de atenção imediata.
Para chegar a essa conclusão, os investigadores mergulharam num enorme conjunto de dados anónimos e examinaram 251.000 consultas de urgência de adultos. O seu objetivo era verificar até que ponto um modelo de IA conseguia examinar as notas clínicas e selecionar os doentes que necessitavam de cuidados urgentes. Utilizaram como referência o Índice de Gravidade de Emergência, uma escala de 1 a 5 que os enfermeiros aplicam quando um doente chega à triagem.
Em testes que envolveram 10.000 pares de pacientes (um com uma doença grave, como um AVC, e outro com um problema menos crítico, como um pulso partido), a IA identificou com precisão o caso mais grave em 89% das vezes.
Ainda mais notável é o facto de, numa análise específica de 500 pares de doentes, as decisões da IA estarem corretas em 88% das vezes. Este resultado foi ligeiramente melhor do que o dos médicos, que acertaram em 86% das vezes.
Um ponto de viragem na sala de emergência
O autor principal do estudo, Christopher Williams, imagina um futuro em que a IA poderá ser um fator de mudança para os serviços de emergência médica.
“Imagine dois doentes que precisam de ser transportados para o hospital, mas só há uma ambulância. Ou então há um médico de serviço e há três pessoas a telefonar-lhe ao mesmo tempo, e ele tem de determinar a quem responder primeiro”, disse.
Embora os resultados sejam promissores, Williams adverte que a IA no serviço de urgência ainda não está pronta para uma utilização generalizada. Acrescentou que a tecnologia ainda precisa de uma validação substancial e de ensaios clínicos antes de poder ser considerada segura e eficaz para aplicações tão críticas.
“É fantástico demonstrar que a IA pode fazer coisas interessantes, mas o mais importante é considerar quem está a ser ajudado e quem está a ser prejudicado por esta tecnologia”, explicou Williams, acrescentando que os modelos precisam de ser aperfeiçoados para eliminar qualquer discriminação racial ou de género que possa influenciar a sua tomada de decisões.
No entanto, Williams e a sua equipa estão otimistas quanto ao facto de a sua investigação representar um grande passo em frente para os cuidados de saúde, utilizando dados clínicos do mundo real para explorar o potencial da IA em situações de emergência.
Referência da notícia:
Munson, B.P., Chen, M., Bogosian, A. et al. De novo generation of multi-target compounds using deep generative chemistry. Nat Commun 15, 3636 (2024).