Estudo do efeito das árvores nas cidades: a redução de energia no arrefecimento e desumidificação do interior das casas
Um estudo científico, publicado este ano, revela como as caraterísticas das árvores, a envolvente urbana e o clima local estão interligados para criar efeitos de arrefecimento.

Neste estudo é quantificada a forma como as árvores urbanas influenciam o consumo de energia do ar condicionado, no verão, em diferentes climas.
Utilização das árvores para descida da temperatura urbana
As cidades são grandes consumidoras de energia e emissoras de gases com efeito de estufa e, ao mesmo tempo, estão a registar temperaturas mais elevadas devido ao fenómeno das ilhas de calor urbanas.
O consumo de energia nas cidades depende do clima e, em condições quentes, está a aumentar com o aumento das temperaturas, devido à maior utilização e procura de energia de aparelhos de refrigeração, como o ar condicionado.
Embora o ar seja arrefecido durante o funcionamento do ar condicionado, deve também ser desumidificado em certos climas para o manter num limiar de humidade interior aceitável, uma vez que a humidade excessiva pode causar o crescimento de bolores e problemas de saúde.

Essa desumidificação pode contribuir para uma parte substancial da procura de energia para ar condicionados em cidades quentes e húmidas e, em condições climáticas futuras, as necessidades de desumidificação mais elevadas podem tornar-se um dos principais motores do aumento da procura de energia para ar condicionado em regiões quentes e húmidas.
A vegetação nas cidades pode reduzir as temperaturas do ar e da superfície, mas também pode alterar a humidade do ar através do processo de evapotranspiração, que pode neutralizar parcialmente o efeito de arrefecimento da vegetação quando avaliado em termos de índices de stress térmico humano.
Utilização de um modelo eco hidrológico em diferentes locais
A plantação de árvores nas cidades vai reduzir o gasto de energia dos ares condicionados no interior das casas.
Há que ter em conta que a vegetação urbana leva a um aumento da humidade com potenciais efeitos negativos nas cargas de desumidificação do ar condicionado.
Neste estudo foi incluído um modelo de energia de edifícios no modelo eco-hidrológico urbano, designado Urban Tethys-Chloris (UT&C-BEM), para quantificar os efeitos de redução da energia dos ares condicionados devido às árvores, em sete cidades quentes com humidade variável.
Foi realizada uma experiência numérica simulando várias densidades urbanas e cenários de cobertura arbórea nas cidades-clima de Riade, Phoenix, Dubai, Nova Deli, Singapura, Lagos e Tóquio.

Foi ainda quantificada a contribuição relativa da sombra das árvores, da redução da temperatura do ar e do aumento da humidade na redução da energia do ar condicionado.
No entanto, o aumento da humidade está a afetar as cargas de desumidificação do ar condicionado, especialmente sob taxas de ventilação mais elevadas em climas húmidos, mas ficou demonstrado que nestas cidades, a redução da energia do ar condicionado é mais eficiente com uma cobertura arbórea até 40%.
O sombreamento das árvores foi o fator dominante na redução do consumo de energia do ar condicionado em todos os climas urbanos analisados, de quente-seco a quente-húmido.
De referir que o aumento da humidade contraria parcialmente o efeito de sombreamento em climas quentes e húmidos com elevadas taxas de ventilação de ar fresco.
As conclusões do estudo servem para definir estratégias de planeamento urbano para maximizar a redução da procura de energia do ar condicionado utilizando árvores urbanas.
Referência da notícia:
“Modeling the Effect of Trees on Energy Demand for Indoor Cooling and Dehumidification Across Cities and Climates”, Journal of Advances in Modeling Earth Systems, Naika Meili et al., Published: 05 March 2025.