Estudo da Nature revela que rios atmosféricos intensificam o degelo no Ártico

Alerta no Ártico: rios atmosféricos estão a provocar um sobreaquecimento mais rápido na região. Novo estudo da Nature associa o aumento destes eventos a um degelo marinho acelerado e alterações climáticas globais.

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Rios atmosféricos intensificam o aquecimento no Ártico. Evidências científicas são lançadas agora na revista Nature Communications.

Um novo estudo, publicado na Nature Communications, revela que os rios atmosféricos, longas e estreitas bandas de vapor de água concentrada, estão a desempenhar um papel cada vez mais importante no aquecimento do Ártico. A investigação, publicada no mês de julho, descobriu que alterações na circulação atmosférica têm contribuído para um aumento na frequência e intensidade destes fenómenos, levando a um aumento geral da humidade do ar no Ártico durante o verão.

Rios atmosféricos impulsionam o aquecimento no Ártico e as suas graves consequências

O Ártico está a aquecer a um ritmo muito mais rápido do que o resto do planeta, um fenómeno já conhecido e designado como “amplificação do Ártico”. Este aquecimento acelerado tem graves consequências, incluindo o degelo marinho e o aumento do nível do mar.

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Uma equipa internacional de investigadores, incluindo o cientista Qinghua Ding da Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, analisou os dados resultantes da observação espacial e os modelos climáticos para compreender melhor o impacte dos rios atmosféricos no Ártico. Os resultados do estudo mostram que estes fenómenos transportam grandes quantidades de água da baixa latitude para a região ártica, contribuindo para o aumento da humidade e do aquecimento.

"Os rios atmosféricos são como mangueiras gigantes que transportam água para o Ártico", explica Qinghua Ding. “Neste estudo, destacamos a importância destes fenómenos na compreensão das alterações climáticas no Ártico.”

O aumento da humidade no Ártico tem várias consequências. Por um lado, pode acelerar o degelo marinho, uma vez que a água absorve mais radiação solar do que o gelo, mas também aumentar a quantidade de precipitação, o que pode ter impactes quer na flora, quer na fauna da região.

De um futuro incerto à procura de respostas através da investigação e modelação climática

Os investigadores revelam, assim, que é necessário continuar a estudar os rios atmosféricos para compreender melhor como estes fenómenos vão evoluir num clima em mudança. Relatam também a importância de desenvolver modelos climáticos mais precisos que possam simular corretamente a formação e o impacte destes fenómenos.

Qinghua Ding, que também está envolvido num projeto financiado pela NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica) dos Estados Unidos, está a trabalhar para melhorar a simulação da precipitação nos modelos climáticos. Este trabalho é crucial para uma melhor compreensão dos processos que influenciam o clima e para desenvolver estratégias de adaptação às alterações climáticas.

Os resultados deste estudo são mais um alerta sobre as rápidas mudanças que estão a ocorrer no Ártico. A compreensão dos mecanismos que estão a impulsionar o aquecimento ártico é essencial para desenvolver políticas eficazes de mitigação e adaptação às alterações climáticas.

É importante destacar que o Ártico desempenha um papel crucial no sistema climático global. O gelo marinho ajuda a refletir a radiação solar, enquanto as correntes oceânicas regulam a temperatura do planeta. A perda de gelo marinho e o aumento da temperatura no Ártico têm implicações globais substantivas, incluindo alterações nos padrões climáticos noutras regiões do mundo.

Em suma, é fundamental continuar a investir em investigação científica para monitorizar e compreender as alterações climáticas em curso. Somente através de um conhecimento profundo dos processos envolvidos poderemos desenvolver estratégias eficazes para enfrentar os desafios do aquecimento global.


Referência da notícia:

Wang, Z., Ding, Q., Wu, R., Ballinger, T. J., Guan, B., Bozkurt, D., ... & Chen, Z. (2024). Role of atmospheric rivers in shaping long term Arctic moisture variability. Nature Communications, 15(1), 5505. https://doi.org/10.1038/s41467-024-49857-y