Estudo comprova que os efeitos do aquecimento global podem ser travados através do aumento da reflorestação
A reflorestação é uma das principais razões para o retrocesso do aquecimento global, no leste dos Estados Unidos, onde as temperaturas estabilizaram ou chegaram mesmo a diminuir. Saiba mais aqui!
As árvores proporcionam inúmeros benefícios, desde o alimento, ao abrigo e ao oxigénio, mas um grupo de investigadores descobriu agora que a recuperação florestal no leste dos EUA proporcionou um outro feito impressionante: a redução do aumento das temperaturas provocado pela crise climática.
Embora nos EUA, assim como o resto do planeta, a temperatura tenha aumentado desde a era industrial devido à queima de combustíveis fósseis, os cientistas há muito que se sentem intrigados com o chamado "buraco do aquecimento" em partes do sudeste dos EUA, onde as temperaturas se mantiveram estáveis, ou chegaram mesmo a diminuir, apesar da inconfundível tendência de aquecimento geral.
De acordo com um artigo publicado no The Guardian, uma das principais razões para esta anomalia, é a vasta reflorestação de grande parte do leste dos EUA após a perda inicial de um grande número de árvores na sequência da colonização europeia na América.
Segundo Mallory Barnes, cientista ambiental da Universidade de Indiana, esta reflorestação tem sido notável, refletindo-se na temperatura do ar circundante.
Desflorestação associada à história colonial dos EUA
O início da história colonial dos EUA trouxe consigo a desflorestação, em que as florestas começaram a dar lugar à agricultura e à habitação. No entanto, em meados da década de 1920, esta situação começou-se a inverter, à medida que as pessoas se começaram a deslocar das terras marginais.
Mallory Barnes, cientista ambiental da Universidade de Indiana.
Por esta altura, o governo dos EUA iniciou um forte programa de (re)plantação de árvores, conduzindo a cerca de 15 milhões de hectares de área reflorestada no século passado no leste dos EUA.
A recuperação das florestas orientais dos EUA atenuou o aquecimento global, principalmente através da transpiração das árvores, em que a água atravessa das raízes até às folhas e depois é libertada no ar sob a forma de vapor, arrefecendo ligeiramente a área envolvente.
O impacto da reflorestação
A equipa de investigação analisou dados de satélites e de estações meteorológicas localizadas no leste dos EUA entre 1900 e 2000, e concluíram que as áreas reflorestadas proporcionaram um impacto de arrefecimento em grande escala.
No total, as florestas reconstituídas arrefecem atualmente o leste dos EUA em 1 ºC a 2 ºC por ano. O efeito de arrefecimento é mais forte nos dias mais quentes do verão, quando as árvores baixam as temperaturas entre 2 ºC e 5 ºC, concluíram os investigadores.
Os cientistas afirmam que as descobertas deveriam reforçar ainda mais os esforços para proporcionar uma reflorestação mais cuidadosa, particularmente perto de comunidades urbanas que sofrem temperaturas demasiado elevadas devido à falta de sombra causada pela diminuição do arvoredo.
Referência da notícia:
Barnes, et al. "A Century of Reforestation Reduced Anthropogenic Warming in the Eastern United States". (2024).