Em breve, graças aos diamantes, poderá armazenar os seus dados para sempre? Como explica esta proeza?
Investigadores chineses conseguiram uma verdadeira proeza ao gravar, pela primeira vez, uma enorme quantidade de dados num diamante. Isto poderá revolucionar o armazenamento informático e, quiçá, criar dados eternos! Como é que isto é possível?
Um recorde e uma grande esperança para a informática: investigadores chineses conseguiram gravar uma quantidade excecional de dados num diamante, garantindo a sua preservação durante milhões de anos. Como o fizeram? Em que domínios poderá esta nova tecnologia ser utilizada?
1850 gigas por centímetro cúbico de diamante
Utilizando lasers, esta equipa de investigadores da Universidade de Ciência e Tecnologia da China, em Hefei, conseguiu inserir informação num diamante. Algumas técnicas já permitiram codificar dados em diamantes utilizando impulsos laser, mas é a primeira vez que se consegue uma densidade de armazenamento tão elevada: 1,85 terabytes por centímetro cúbico de diamante!
O equivalente a 1.850 gigabytes de dados, em comparação com os suportes de armazenamento conhecidos: um disco ótico de diamante do tamanho de um Blu-ray normal poderia armazenar 100 terabytes de dados, ou seja, 2.000 Blu-rays! Além disso, a vantagem desta técnica é o facto de os dados poderem ser armazenados durante muito mais tempo.
Ao contrário do Blu-ray, que apenas garante uma duração de vida dos dados de cerca de dez anos, estes discos de diamante poderiam ser armazenados durante milhões de anos à temperatura ambiente! Segundo Ya Wang, coautor do estudo, trata-se de uma revolução, uma longevidade extraordinária, “sem manutenção”, que poderá transformar estes dados em “dados eternos”.
Uma revolução nos arquivos
Os impulsos laser utilizados por estes investigadores são ultra-rápidos, permitindo que certos átomos de carbono do diamante se desloquem: isto cria espaços vazios do tamanho de um átomo, com um nível de luminosidade estável. É nestes espaços que os cientistas armazenaram a informação.
É então, graças à sua luminosidade, que os dados são lidos e restaurados, com uma exatidão e uma exaustividade superiores a 99% nos testes efetuados: uma técnica extremamente eficaz, desde que as estruturas internas de armazenamento de dados estejam estabilizadas, afirmam os investigadores. No entanto, trata-se de uma técnica dispendiosa, pelo que os custos terão de ser reduzidos para a tornar economicamente viável.
Embora este feito técnico envolva atualmente pequenas amostras de diamante, com apenas alguns milímetros de dimensão, será em breve aplicado a suportes maiores em testes futuros. Isto poderá revelar-se revolucionário para agências governamentais, bibliotecas e institutos de investigação envolvidos no arquivo e preservação de dados.
Referência da notícia:
Terabit-scale high-fidelity diamond data storage. Nature Photonics (2024). Zhou, J. et al.