Os ecossistemas da Terra estão em risco
Uma combinação de alterações climáticas e pressão da atividade humana local está a causar um colapso na biodiversidade global e nos ecossistemas tropicais, mostra uma nova investigação. Saiba mais aqui.

Um novo estudo cartografou mais de 100 locais onde florestas tropicais e recifes de coral foram afetados por extremos climáticos, como furacões, inundações, ondas de calor, secas e incêndios. Este estudo fornece uma visão geral de como esses ecossistemas estão a ser ameaçados pelas alterações climáticas e pelas atividades humanas locais.
O estudo
O investigador principal, Dr. Filipe França, da Embrapa Amazónia Oriental no Brasil, e da Universidade de Lancaster afirma: "As florestas tropicais e os recifes de coral são muito importantes para a biodiversidade global, por isso é extremamente preocupante que eles sejam, cada vez mais, afetados por perturbações climáticas e atividades humanas".
"Muitas ameaças locais a florestas tropicais e recifes de coral, como a desflorestação, pesca excessiva e poluição, reduzem a diversidade e o funcionamento desses ecossistemas. Isso pode torná-los menos capazes de resistir ou de se recuperarem de condições climáticas extremas. A nossa investigação destaca a extensão dos danos que estão a ser causados aos ecossistemas e à vida selvagem, nos trópicos, por essas ameaças".
The U.S. territory of Guam has suffered extreme coral bleaching, imperiling the marine ecosystem. Read about how the resilient island is fighting back against this #climatecrisis: https://t.co/9ikxcdPLz8 pic.twitter.com/b0IezAbc1d
— The Progressive (@theprogressive) January 30, 2020
Cassandra E. Benkwitt, ecologista marinha da Universidade de Lancaster, declara: "As alterações climáticas estão a causar tempestades e ondas de calor marinhas mais intensas e frequentes. Para os recifes de coral, esses eventos extremos reduzem a cobertura de corais vivos e causam modificações duradouras nos corais e nas comunidades de peixe".
Guadalupe Peralta, da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, também afirma que: "Uma série de consequências pós-furacão foram registadas em florestas tropicais: a destruição de plantas afeta os animais, pássaros e insetos, que dependem delas para alimentação e abrigo".
Em algumas regiões, como nas Caraíbas, os eventos climáticos extremos dizimaram a vida selvagem para cerca de metade do número total. A combinação de temperaturas mais altas com estações secas mais longas levou à propagação de incêndios florestais sem precedentes nas florestas tropicais, que, desta forma, ficaram sem capacidade para se recuperarem dos incêndios. A última parte do estudo enfatiza que são necessárias ações urgentes e novas estratégias de conservação para mitigar os impactos das múltiplas ameaças às florestas tropicais e recifes de coral.
Joice Ferreira, da Embrapa Amazónia Oriental, diz: "Para alcançar estratégias bem-sucedidas de mitigação do clima, precisamos de abordagens de 'pesquisa-ação' que envolvam as pessoas e instituições locais e respeitem as necessidades locais e as diversas condições socio-ecológicas nos trópicos". Esta investigação foi realizada por 11 cientistas, de 8 universidades e instituições de pesquisa no Brasil, Reino Unido e Nova Zelândia.