Os ecossistemas da Terra estão em risco
Uma combinação de alterações climáticas e pressão da atividade humana local está a causar um colapso na biodiversidade global e nos ecossistemas tropicais, mostra uma nova investigação. Saiba mais aqui.
Um novo estudo cartografou mais de 100 locais onde florestas tropicais e recifes de coral foram afetados por extremos climáticos, como furacões, inundações, ondas de calor, secas e incêndios. Este estudo fornece uma visão geral de como esses ecossistemas estão a ser ameaçados pelas alterações climáticas e pelas atividades humanas locais.
O estudo
O investigador principal, Dr. Filipe França, da Embrapa Amazónia Oriental no Brasil, e da Universidade de Lancaster afirma: "As florestas tropicais e os recifes de coral são muito importantes para a biodiversidade global, por isso é extremamente preocupante que eles sejam, cada vez mais, afetados por perturbações climáticas e atividades humanas".
"Muitas ameaças locais a florestas tropicais e recifes de coral, como a desflorestação, pesca excessiva e poluição, reduzem a diversidade e o funcionamento desses ecossistemas. Isso pode torná-los menos capazes de resistir ou de se recuperarem de condições climáticas extremas. A nossa investigação destaca a extensão dos danos que estão a ser causados aos ecossistemas e à vida selvagem, nos trópicos, por essas ameaças".
Cassandra E. Benkwitt, ecologista marinha da Universidade de Lancaster, declara: "As alterações climáticas estão a causar tempestades e ondas de calor marinhas mais intensas e frequentes. Para os recifes de coral, esses eventos extremos reduzem a cobertura de corais vivos e causam modificações duradouras nos corais e nas comunidades de peixe".
Guadalupe Peralta, da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, também afirma que: "Uma série de consequências pós-furacão foram registadas em florestas tropicais: a destruição de plantas afeta os animais, pássaros e insetos, que dependem delas para alimentação e abrigo".
Em algumas regiões, como nas Caraíbas, os eventos climáticos extremos dizimaram a vida selvagem para cerca de metade do número total. A combinação de temperaturas mais altas com estações secas mais longas levou à propagação de incêndios florestais sem precedentes nas florestas tropicais, que, desta forma, ficaram sem capacidade para se recuperarem dos incêndios. A última parte do estudo enfatiza que são necessárias ações urgentes e novas estratégias de conservação para mitigar os impactos das múltiplas ameaças às florestas tropicais e recifes de coral.
Joice Ferreira, da Embrapa Amazónia Oriental, diz: "Para alcançar estratégias bem-sucedidas de mitigação do clima, precisamos de abordagens de 'pesquisa-ação' que envolvam as pessoas e instituições locais e respeitem as necessidades locais e as diversas condições socio-ecológicas nos trópicos". Esta investigação foi realizada por 11 cientistas, de 8 universidades e instituições de pesquisa no Brasil, Reino Unido e Nova Zelândia.