E se num futuro próximo o tabaco desaparecesse?

Atualmente, para muitos países a nível mundial pode parecer uma utopia, principalmente uma vez que o consumo de tabaco continua a ser elevado, mas e se o tabaco desaparecesse? Consegue imaginar? Venha descobrir mais aqui!

Fim do tabaco
Em Portugal, a carga fiscal sobre o preço dos cigarros representa em média 81,31% do preço de venda ao público.

Se dermos uma vista de olhos pela Europa, no que toca ao tabagismo, existe uma variabilidade significativa entre países.

Enquanto no Reino Unido cerca de 13% da população fuma, na Sérvia este valor sobe para quase 37%. Já na América Latina, o consumo é um pouco mais baixo, sendo a Argentina e o Chile os únicos países com um consumo superior a 20%.

Dada a evidência da nocividade deste hábito, nos últimos anos, muitos países propuseram-se acabar com o tabagismo, numa estratégia que apelidaram de “tobacco endgame”.

São muitos que chegam a comparar este ato a uma epidemia que mata mais de oito milhões de pessoas por ano em todo o mundo, para além de provocar múltiplas doenças.

Meta da Organização Mundial da Saúde

A OMS pretende que existam menos de 5% de pessoas a fumar numa determinada região até uma certa data (principalmente entre 2025 e 2040) através do cumprimento de um tratado internacional que inclui medidas básicas como a monitorização do consumo, a proteção das pessoas contra o fumo do tabaco, a oferta de ajuda para deixar de fumar, a informação sobre os efeitos nocivos do consumo e o cumprimento das proibições de publicidade e patrocínio.

Na Roménia, pouco mais de 50% destas medidas foram aplicadas, ao passo que nos Países Baixos são cerca de 82%.

Cigarros
Em outubro de 2023 a Lei do Tabaco sofreu alterações em Portugal, sendo que uma das medidas foi a proibição da venda de tabaco aquecido com aromatizantes.

Por outro lado, foram propostas soluções inovadoras como o aumento radical dos preços, a redução do teor de nicotina dos cigarros, o alargamento das zonas sem fumo e o aumento da idade mínima para a aquisição de tabaco.

No entanto, a proposta mais surpreendente é a proibição da venda de tabaco a pessoas nascidas após um determinado ano, com o objetivo de alcançar “gerações livres de tabaco”.

Esta medida foi proposta, por exemplo, na Nova Zelândia, para as pessoas nascidas depois de 2009. Infelizmente, a decisão foi anulada devido a mudanças políticas. A medida está também a ser considerada em vários países europeus, como o Reino Unido.

Os benefícios de atingir este objetivo seriam enormes. Entre outras razões, estima-se que 40% das mortes por cancro do pulmão poderiam ser evitadas se a venda de tabaco a crianças nascidas entre 2006 e 2010 fosse suspensa.

Tabagismo em Portugal

De acordo com o Diário de Notícias, os últimos dados, publicados em 2023 do V Inquérito Nacional ao Consumo de Substâncias Psicoativas na População Geral 2022, indicam que o número de portugueses que estiveram expostos ao tabaco aumentou de 48,8% para 51% da população em geral.

Fumar é, aliás, a segunda maior experiência de consumo generalizado, com cerca de 50% da população entre os 15 e os 64 anos a assumir ter consumido tabaco em algum momento ao longo da sua vida.

Os homens, neste momento, fumam mais do que as mulheres, com uma percentagem que subiu de 36,5% para 40,8%. O consumo das mulheres baixou dos 25% para os 23,4%.

Os mais jovens também continuam a replicar o hábito de fumar. Entre 2017 e 2021, o número de jovens adultos fumadores era superior ao registado no conjunto da população em geral , com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos, tendo diminuído ligeiramente no ano passado.

Ajudas para deixar de fumar

Quem quer deixar de fumar também não tem a vida facilitada. As consultas de cessação tabágica, promovidas pelo Serviço Nacional de Saúde, em hospitais e centros de saúde, têm vindo a registar um aumento de pedidos.

Contudo, desde a pandemia que a resposta está diminuída e o tempo de espera é de aproximadamente um ano, só para ter a primeira consulta.

Ao mesmo tempo, os medicamentos para a cessação tabágica deixaram de ser comparticipados pelo Estado em 2021, quando o Champix foi retirado do mercado e não foram colocados, à disposição dos utentes, medicamentos alternativos, nomeadamente genéricos.