Detetada explosão de luz que rebentou há cerca de 12,8 mil milhões de anos!
A luz que viajou durante mais de 12,8 mil milhões de anos para chegar à Terra está a ajudar os astrofísicos a compreenderem melhor os primórdios do nosso Universo.
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O Universo tem aproximadamente 13,7 mil milhões de anos, mas os astrofísicos só agora começam a compreender realmente o que aconteceu na sua infância. Em setembro passado, um enorme surto de luz conhecido como explosão de raios gama (GRB) atingiu a Terra, originado por uma explosão que ocorreu quando o Universo tinha apenas 880 milhões de anos de idade.
As explosões de raios gama são explosões muito energéticas que ocorrem numa galáxia distante. A luz desta explosão específica viajou durante mais de 12,8 mil milhões de anos para chegar ao nosso planeta. Para saber mais sobre o evento que desencadeou a explosão, uma equipa internacional de astrónomos continuou a observar o brilho da explosão durante mais oito meses. Concluíram que era o GRB mais distante e energético jamais detetado, e que o seu brilho posterior era um dos mais luminosos de que há registo.
"Como uma das mais poderosas e distantes explosões cósmicas já encontradas, esta rara explosão de raios gama junta-se a um pequeno clube de tais explosões descobertas desde o início da história do Universo - e esta é da galáxia hospedeira mais brilhante alguma vez detetada", explica a Professora Carole Mundell, diretora de Astrofísica na Universidade de Bath.
"Esta descoberta dá-nos uma nova compreensão e confirmação de que as enormes estrelas - que vivem depressa e morrem duramente - estão a formar-se e a evoluir desde cedo no Universo".
A explosão que não pára de acontecer
Mas essa não era toda a informação que o GRB tinha para oferecer. Os investigadores também ficaram surpreendidos ao descobrir que, apesar da data de nascimento do GRB, o fenómeno apresentava propriedades incrivelmente semelhantes às observadas nos GRB's provocadas por explosões cósmicas que ocorreram mais recentemente e muito mais próximas da Terra.
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"Graças às nossas observações, podemos concluir que o mecanismo responsável pelas GRBs não evolui com o Universo", diz a Dra. Andrea Rossi, a investigadora do Instituto Nacional Italiano de Astrofísica (INAF), que conduziu o estudo publicado em Astronomia & Astrofísica.
Buracos negros e estrelas em colapso
O GRB, denominado GRB 210905A, era do tipo "longo", o que significa que provinha de um buraco negro proveniente do colapso catastrófico de uma estrela maciça. Os GRB 'curtos' estão normalmente ligados à colisão de objetos compactos, tais como estrelas de neutrões.
A explosão de luz foi detetada pela primeira vez por instrumentos em órbita à volta da Terra, incluindo o Neil Gehrels Swift Observatory e Konus-WIND, um telescópio de caça ao GRB que opera no espaço interplanetário.
Foi depois seguido por telescópios terrestres e espaciais, incluindo os telescópios Hubble, Swift e Chandra. Os investigadores esperam alargar a sua compreensão da explosão original com a ajuda do Telescópio Espacial James Webb.