Detetada alteração na distribuição global de ciclones tropicais
Um novo estudo revela que os efeitos das alterações climáticas, na atividade global dos ciclones tropicais (CT), entre 1980 e 2018, foram mais evidentes no padrão espacial da ocorrência dos mesmos, do que no número total destes. Saiba mais, aqui!
O efeito das emissões, provenientes dos gases com efeito de estufa, aerossóis e erupções vulcânicas, na distribuição global dos Ciclones Tropicais (CT's) não é homogéneo. No entanto, este projeto de modelos climáticos mostra uma diminuição do número de ciclones, até ao final do século XXI, devido ao efeito que os gases com efeito de estufa têm na diminuição da ocorrência de CT’s nos trópicos, consistente com muitos estudos anteriores.
Tem sido um desafio detetar tendências na atividade dos ciclones tropicais, à escala global, devido ao base limitada de dados e aos efeitos da variabilidade interna, ao longo dos anos. Porém, desde 1980, que estes eventos extremos diminuíram substancialmente no sul do Oceano Índico e no oeste do Pacífico Norte, mas aumentaram no Atlântico Norte e no Pacífico Central.
Neste estudo, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, através de um conjunto de experiências com modelos de alta resolução, foi observado que é muito improvável que o padrão de tendência espacial seja explicado inteiramente pela variabilidade interna de um ciclone, pelo contrário. Forças externas, como os gases com efeito de estufa, aerossóis e erupções vulcânicas, desempenham um papel muito importante, neste padrão.
Este estudo demonstra, ainda, que as alterações climáticas influenciam a distribuição espacial dos ciclones tropicais, pois estas já surgiram em observações e podem, em parte, ser atribuídas ao aumento das emissões de gases com efeito de estufa.
Atividade antrópica e os ciclones
A influência da atividade antrópica na atividade dos ciclones tropicais é de grande interesse e um tópico muito importante entre a comunidade científica e o público. Estudos anteriores relataram possíveis mudanças na atividade global dos ciclones, para o final do século XXI, sendo estas projetadas por modelos numéricos. A maioria destes estudos concentrou-se nas alterações projetadas com o número total de CT's, a intensidade média e a precipitação média associada a estes eventos. No entanto, os resultados destas projeções, na distribuição espacial dos CT's, assim como as alterações regionais na frequência dos mesmos, são considerados relativamente incertos, apesar da sua importância.
Vários estudos mostram um aumento da temperatura média global, desde meados do século XX. Aumento este que é atribuído às, cada vez mais, elevadas emissões de gases com efeito de estufa. Por outro lado, o número anual de CT’s não apresenta uma tendência clara e permaneceu estável (86), desde 1980.